17 de dezembro de 2010

Filmes e Gibis e vice-versa Parte I


Se música é algo que lhe agrada, enquanto lês, dê uma escutada.


Sou suspeito, nasci lendo gibi. Tudo que envolve esse mundo interessa. Os produtores de cinema tem se aproveitado das facilidades desse meio (de roteiros a storyboards praticamente prontos). Mas muitos são sinceros e respeitosos na homenagem. Quase todos encaram os quadrinhos como diversão descompromissada, e são (e os filmes de HQs também), mas nem todos são frugais e escapistas. Alan Moore que o diga, e esse mestre já ensinou que a nona arte não pode e nunca será emulada a contento pela sétima. Só que vale a pena tentar, vai que sai uma obra-prima como Batman O Cavaleiro das Trevas (já a obra de Moore não obteve tanto êxito nas traduções de sua obra para o cinema). 

A idéia aqui é mostrar adaptações out DC e Marvel Comics, pois já tiveram e terão muitas mais por ai. Vamos nos ater a adaptações esquecidas e pouco comentadas de quadrinhos no cinema. Uma pena que nosso Cinema não tenha tradição de boas adaptações de quadrinhos. Vamos torcer para que O Dobro do Cinco realmente aconteça, seria lindo. Então, vamos lá. Larga essa revistinha, escorrega o disco na bandeja e aperta o play.

Príncipe Valente - A luta final é de uma selvageria inacreditável para um filme produzido nessa década, nice!!! O ator principal é fraquinho e quando fecha a boca e brande a espada é um poeta (e o cabelinho Beiçola, há!). O trabalho de direção é bom, competente e preste atenção a batalha no Castelo Viking. Henry Hathaway não conseguiu traduzir a elegância do traço de Hal Foster, mas criou uma ótima matinê. Para ver num Sábado a tarde, novela de cavalaria, amor cortês, Vikings parecendo ala de Escola de Samba e um Tecnicolor lindo.

Tank Girl - Puxa, uma personagem tão simpática merecia um filme a altura. Tentaram, colocaram até Malcolm McDowell e a Naomi Watts novinha e bem graçinha. Gostei muito das intervenções dos quadrinhos originais e da estupenda trilha sonora. Só que chegou na hora do enredo aí, aí meu amigo, ficou feio. Poderia ser uma deliciosa sessão da tarde, é legalzinho e só. Nesse caso eu fico mesmo e muito com os quadrinhos de Jamie Hewlett e Alan Martin que foram publicados aqui na saudosa revista Animal. E viva Jamie Hewlett e seu traço genial e divertido.

O Corvo - Esse filme é muito querido para mim, remete minha pré-adolescência. Conheci o filme antes do quadrinho, virei fã absoluto da obra de James O'Barr. O filme emula um pouco o clima do Tim Burton e adiciona heroína, Joy Division, ruas sujas, melancolia e vingança VINGANÇA. Tem ainda toda a história do ocorrido com Brandon Lee que seria um grande astro de ação numa hora dessas. Para mim o único erro na adaptação foi a inclusão de um vilão Big Boss, enquanto que nos quadrinhos a força da estória reside no fato de o grande vilão ser sempre o acaso (personificado na violência urbana desenfreada) que alija a todos que toca. Um filme Grunge-gótico clássico. E leia os quadrinhos que são muito intensos e belos.

Estrada para Perdição - Que filme lindo. Uma das minha preferidas atuações de Tom Hanks e de Jude Law. Recriação de época muito cuidadosa. A estória é simples, direta e eficaz ( e tem sim inspiração nas páginas de Lobo Solitário). O Duelo final é eletrizante, fiquei preso a cadeira do cinema. Acho a adaptação muito respeitosa aos quadrinhos originais. Para ser sincero gosto mais da versão que ocorre na tela do que a que se desenrola nas páginas. Não perca. 

Solomon Kane, O Caçador de Demônios - Como errar se tinha tudo para acertar em cheio. Mandaram muito bem nos figurinos, cenografia e efeitos especiais. E no roteiro colocaram todos os clichês mais manjados de todos. Mas o que não deu para aguentar foi o herói chato não se convencer nunca a vestir a capa. Não honrou a maravilhosa obra de Robert E. Howard e suas traduções para as páginas dos quadrinhos (vamos torcer para a nova versão de Conan honre). Vale como curiosidade de fã. 

As Múmias do Faraó -  Um filme delicioso (só a tradução do título que ficou despropositada). Humor bem cuidado (atente para as piadas ao final do filme). Adèle, nosso Tintin de saias caiu graciosa na atuação de Louise Bourgoin. Belle Époque + dinossauros + Paris + Philippe Nahon + direção sempre cool de Luc Besson + múmias do Louvre + Louise Bourgoin tomando banho = ótimo filme. Não conhecia o gibi (qua não saiu pelas bandas brasillis e parece que nem vai rolar), agora estou muito ansioso para lê-lo. E dá-lhe Amazon.


Seria genial se Tarantino realmente dirigisse a adaptação de O Sombra para o cinema...

-E ai Vó, vai rolar bacalhau nesse Natal mesmo ou não?
-Vai, claro que vai. Você gosta do bacalhau que eu faço?
-Opa, adoro. Sensacional...
-Se é assim, sim!

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