24 de dezembro de 2010

Os Melhores de 2010


Se música é algo que lhe agrada, enquanto lês, dê uma escutada.


Final de ano é hora de revisão. Eu tenho por costume escolher os filmes que tiveram a capacidade de adentrar por minhas retinas e se instalarem como vírus no meu lobo temporal. Na verdade um filme que tem essa capacidade deveria ganhar um troféu. Por isso vou premiar os melhores filmes que saíram nessas bandas brasilis e que eu tive o privilégio de ver esse ano. E também, vamos premiar a melhor trinca de filmes que vi, mas que não foram lançados esse ano, os ditos clássicos. Para tanto, vamos homenagear dois baluartes da crítica brasileira. Põem a pipoca no microondas e gelo na Coca e escorrega para cá.




Troféu Isabela Boscov

Isabela Boscov é a musa desse blog. Tem o close mais bonito da crítica cinematográfica brasileira. Com um português de Bilac, escreve com belas e prolixas palavras. Ela gosta de filmes de zumbi. Ela gosta de cinema sul-coreano. Ela pesquisa o contexto histórico das obras que critica. Já entrevistou Steven Spilberg e Francis Ford Coppola. Ela merece nomear o prêmio para os melhores filmes desse ano, mesmo que não endosse nenhum de minha seleção.

 O Guerreiro Silencioso – Apesar de idolatrar diálogos inteligentes e verossímeis poucas coisas me agradam mais que filmes que não prescindem de falas para se fazerem entendidos. E sejamos sinceros, em se tratando de violência quanto menos palavras ou explicações mais elucidação e perturbação teremos ao observá-la. E como diria o menestrel Russo: “A violência é tão fascinante e nossas vidas são tão normais”. A vida desse guerreiro caolho se dá em todos os aspectos pela e para brutalidade. E se o guerreiro caolho não tivesse domínio de sua brutalidade sua mísera existência seria encurtada. Sinceramente, não interessa o apuro histórico se Picto, Viking, Cherokee, em qual continente em qual século etc. O apuro histórico esta em mostrar que a vida em eras passadas, quando não havia intermediação das relações ou regulação delas, estava nas mãos de homens brutos, e o sangue escorria. Enfim, é o apocalipse do homem pré-civilizado (é?). A Valhalla de uma Era que vai dar lugar a técnica, a um novo continente para ser pilhado, a um novíssimo sistema econômico, um novo e único deus. Os enquadramentos abertos, o clima de estranheza e perturbação ininterrupta, simbolismos cristãos e o niilismo que tanto preso. Adorei.

 O Profeta – O Conde de Monte Cristo do século XXI. A prisão é o purgo que fará Malik jóia rara. Há momentos que o filme alcança o sublime (como, no terceiro ato, no trabalho sujo realizado por Malik em Paris).  Sem falar nos personagens secundários absolutamente bem desenvolvidos e até fascinantes. Se falarmos de sistema, alguns têm o poder de trupicar nele e aos trancos e barrancos acabam por dominá-lo. Sim, Malik morre de medo, mas a tremedeira das mãos perde toda vez que lhe passa pela cabeça que esse pode ser seu último dia de vida. Logo na primeira cena você é capturado e encarcerado e só é solto na última, mesmo querendo ficar mais. E que cena final, triunfante.

 A Estrada – Sabe, o que ocorre com esse pai e esse menino está dia a dia em nossas ruas. Para um monte de gente ai fora o mundo já acabou e nem um revólver com duas bals eles tem. Canibais!? Temos aos montes, prontos para nos trucidar. A adaptação de John Hillcoat é simplesmente perfeita em caracterização e só perde em impacto para o livro por limitar (sabiamente) a narrativa para uma hora e meia. A urgência, crueza e absoluta genialidade, de Cormac  MacCarthy, em captar metaforicamente o nosso cinza e miserável mundo contemporâneo  é imprescindível a todos.
PS: Viggo Mortensen é ótimo sempre, mas tem essa mania irritante de aparecer pelado em todo filme que faz...Bem, as meninas gostam...

 Tropa de Elite 2, O Inimigo Agora é Outro – O filme-evento de José Padilha já garantiu seu lugar na História com êxitos máximos em todos os aspectos técnicos de produção e enredo e de reconhecimento acachapante de público.  Sou fã absoluto desse filme (e do primeiro) que vem em boa hora (mesmo que um pouco atrasado) focar de maneira inteligente a situação atual de nossa violência urbana. Um belo puxão de orelhas a quem não percebeu a situação que alguns já sabiam há tempos. E não podemos deixar de falar de Irandhir Santose sua atuação excelente. E não confunda, não é a realidade, a vida real é muito mais cheia de som e fúria. O tiro virá para todos, sem fazer distinção ideológica. E nem vem, ninguém é herói, mas o inimigo é facilmente identificável: geralmente branco, de meia idade, feio e você o escolheu com alguns dígitos em Outubro para receber um salário vergonhosamente alto...Parabéns!!! Filme incrível pela coragem em dar contornos psicológicos a uma figura que foi chapada sucessivamente na filmografia brasileira, a do vigia e protetor do Estado. Sim, esse vigia vai perceber que o Estado não está nem ai para sua guarda.

Troféu Rubens Ewald Filho


É a mais clássica figura da crítica cinematográfica em nosso país. O homem do Oscar. Ele não gosta de sofrer ao ver filmes. É uma enciclopédia, sabe o nome do cachorro do faxineiro dos estúdios da MGM durante a gravação do Mágico de ÓZ. Ele vai em todas as estréias da Broadway. Já foi homenageado pelo Hermes e Renato (vamos ser sinceros, tem de ser muito legal para virar personagem do Hermes e Renato). Nada mais justo do que ele nomear o troféu que premia os filmes clássicos redescobertos pelos nossos olhos nesse ano. Vamos a eles.

Parceiros da Noite – E se um videoclipe do Village People virasse um pesadelo daqueles? Pois é, nesse filme sombrio e excelente um estripador está à solta no mundo do couro, chicote e barbas cerradas de Nova York. Na era pré-AIDS, quando Nova York era um lixão pior que a nossa Cracolândia e o sonho de 68 tinha sido cheirado em várias carreiras, Al Pacino ainda era o maioral e no papel do detetive Steve Burns irá se deparar com uma definição muito mais incomoda do que seja o submundo. A influencia do filme é vista até hoje, chama o Gaspar Noé que ele te mostra. Com cenas muito muito ousadas para o cinema mainstream da época (hoje um moleque de 11 anos já viu coisa bem pior) o clima de tensão é permanente e a sensação de que Steve Burns não vai agüentar sua descida ao inferno é latente.

A Conversação – Podem falar de Poderoso Chefão e Apocalipse Now (mimimi), mas esse é o melhor filme do senhor Coppola (na opinião desse que vos fala). A inspiração veio sem dúvida de Antonioni e Hitchcock, mas o resultado é tão redondo que ultrapassa  e muito a inspiração e cria algo novo e surpreendente. A cena da praça é uma obra de arte por si só, uma faculdade e pós-graduação inteira de audiovisual. Domínio narrativo absoluto. Feito na década mais inventiva, intença e inevitável do cinema estadunidense o Poderoso Coppola gestou uma perola do cinema. Harry Caul está numa solidão tão profunda (atente a poética cena final) provocada por pecados de seu passado que quando aparece uma chance de redenção para sua vida irá nublar sua visão, quer dizer audição.

Dias de Paraíso – Não há nenhum diretor, nenhum que consiga filmar a natureza de maneira tão exuberante e acolhedora como Terrence Malick. E todos seus personagens se sentem admirados e acolhidos por Ela. Seus personagens sempre se deparam com o retorno ao mundo natural e percebem que a vida estritamente urbana resseca e quebra. Um filme meditativo, uma obra prima de delicadeza, uma elegia a Gaia. Em lindos tons pastéis e dourados, iremos acompanhar, através dos olhos de uma menina, perdendo a inocência, a dissolução de sua família, mas sem melodramas exagerados. Malick foca suas lentes em toda sua filmografia nos homens comuns e pouco notados que construíram e deram suas vidas para defender seu país e que não constam dos livros de História. Simplicidade narrativa para reforçar a beleza da tela, até alegorias de pragas bíblicas para representar a tragédia.



Tarantino está de férias em praias Tailandesas.  Muitas massagens, muitas...

Minha Avó tá preparando o bacalhau e grão de bico para as festas. E deseja que todos estejem longe do pecado em 2011.

22 de dezembro de 2010

THE SUNDAYS

É, esse som o Tarantino não escutaria...Dane-se.




O som dessa banda é a trilha sonora para um sonho bom, para uma  tarde perfeita, para um saudosismo que te faz sorrir, para um piquenique com as pessoas que você mais gosta no mundo. "Roqueiro" demais para um Cocteau Twins e etéreo demais para um The Smiths, o vocal celestial de Harriet Wheeler e a guitarra Marrziana de David Gavurin fazem aquilo que adormece dentro de nós acordar sorrindo. Os sons cheios de brilho do The Sundays irá refletir de The Cranberries até Pato Fú. Lindo, lindo, lindo!!!

Um dia vamos adentrar mais profundamente no Dream Pop ou no Ethereal Pop. Mas por enquanto vamos de The Sundays para polir a vida nesse fim de ano.

Para começar o verão Summertime


Agora o hit Here's Where the Story Ends


E o biscoito fino Joy

17 de dezembro de 2010

Filmes e Gibis e vice-versa Parte I


Se música é algo que lhe agrada, enquanto lês, dê uma escutada.


Sou suspeito, nasci lendo gibi. Tudo que envolve esse mundo interessa. Os produtores de cinema tem se aproveitado das facilidades desse meio (de roteiros a storyboards praticamente prontos). Mas muitos são sinceros e respeitosos na homenagem. Quase todos encaram os quadrinhos como diversão descompromissada, e são (e os filmes de HQs também), mas nem todos são frugais e escapistas. Alan Moore que o diga, e esse mestre já ensinou que a nona arte não pode e nunca será emulada a contento pela sétima. Só que vale a pena tentar, vai que sai uma obra-prima como Batman O Cavaleiro das Trevas (já a obra de Moore não obteve tanto êxito nas traduções de sua obra para o cinema). 

A idéia aqui é mostrar adaptações out DC e Marvel Comics, pois já tiveram e terão muitas mais por ai. Vamos nos ater a adaptações esquecidas e pouco comentadas de quadrinhos no cinema. Uma pena que nosso Cinema não tenha tradição de boas adaptações de quadrinhos. Vamos torcer para que O Dobro do Cinco realmente aconteça, seria lindo. Então, vamos lá. Larga essa revistinha, escorrega o disco na bandeja e aperta o play.

Príncipe Valente - A luta final é de uma selvageria inacreditável para um filme produzido nessa década, nice!!! O ator principal é fraquinho e quando fecha a boca e brande a espada é um poeta (e o cabelinho Beiçola, há!). O trabalho de direção é bom, competente e preste atenção a batalha no Castelo Viking. Henry Hathaway não conseguiu traduzir a elegância do traço de Hal Foster, mas criou uma ótima matinê. Para ver num Sábado a tarde, novela de cavalaria, amor cortês, Vikings parecendo ala de Escola de Samba e um Tecnicolor lindo.

Tank Girl - Puxa, uma personagem tão simpática merecia um filme a altura. Tentaram, colocaram até Malcolm McDowell e a Naomi Watts novinha e bem graçinha. Gostei muito das intervenções dos quadrinhos originais e da estupenda trilha sonora. Só que chegou na hora do enredo aí, aí meu amigo, ficou feio. Poderia ser uma deliciosa sessão da tarde, é legalzinho e só. Nesse caso eu fico mesmo e muito com os quadrinhos de Jamie Hewlett e Alan Martin que foram publicados aqui na saudosa revista Animal. E viva Jamie Hewlett e seu traço genial e divertido.

O Corvo - Esse filme é muito querido para mim, remete minha pré-adolescência. Conheci o filme antes do quadrinho, virei fã absoluto da obra de James O'Barr. O filme emula um pouco o clima do Tim Burton e adiciona heroína, Joy Division, ruas sujas, melancolia e vingança VINGANÇA. Tem ainda toda a história do ocorrido com Brandon Lee que seria um grande astro de ação numa hora dessas. Para mim o único erro na adaptação foi a inclusão de um vilão Big Boss, enquanto que nos quadrinhos a força da estória reside no fato de o grande vilão ser sempre o acaso (personificado na violência urbana desenfreada) que alija a todos que toca. Um filme Grunge-gótico clássico. E leia os quadrinhos que são muito intensos e belos.

Estrada para Perdição - Que filme lindo. Uma das minha preferidas atuações de Tom Hanks e de Jude Law. Recriação de época muito cuidadosa. A estória é simples, direta e eficaz ( e tem sim inspiração nas páginas de Lobo Solitário). O Duelo final é eletrizante, fiquei preso a cadeira do cinema. Acho a adaptação muito respeitosa aos quadrinhos originais. Para ser sincero gosto mais da versão que ocorre na tela do que a que se desenrola nas páginas. Não perca. 

Solomon Kane, O Caçador de Demônios - Como errar se tinha tudo para acertar em cheio. Mandaram muito bem nos figurinos, cenografia e efeitos especiais. E no roteiro colocaram todos os clichês mais manjados de todos. Mas o que não deu para aguentar foi o herói chato não se convencer nunca a vestir a capa. Não honrou a maravilhosa obra de Robert E. Howard e suas traduções para as páginas dos quadrinhos (vamos torcer para a nova versão de Conan honre). Vale como curiosidade de fã. 

As Múmias do Faraó -  Um filme delicioso (só a tradução do título que ficou despropositada). Humor bem cuidado (atente para as piadas ao final do filme). Adèle, nosso Tintin de saias caiu graciosa na atuação de Louise Bourgoin. Belle Époque + dinossauros + Paris + Philippe Nahon + direção sempre cool de Luc Besson + múmias do Louvre + Louise Bourgoin tomando banho = ótimo filme. Não conhecia o gibi (qua não saiu pelas bandas brasillis e parece que nem vai rolar), agora estou muito ansioso para lê-lo. E dá-lhe Amazon.


Seria genial se Tarantino realmente dirigisse a adaptação de O Sombra para o cinema...

-E ai Vó, vai rolar bacalhau nesse Natal mesmo ou não?
-Vai, claro que vai. Você gosta do bacalhau que eu faço?
-Opa, adoro. Sensacional...
-Se é assim, sim!

15 de dezembro de 2010

O LENDÁRIO CHUCROBILLYMAN

Esse cara cobra o escanteio, corre para cabecear e vai comemorar. Um som sensacional que sabe fazer a alquimia exata entre um som raiz estadunidense e um som com um pé na caipirice brasileira. Esse cara é herói. E ainda faz dançar e balançar a cachola. Ótimo. Encarna a galinha que tem dentro de você e dá o play no som.

Primeiro o clip lindão de Chicken Flow


Agora para ver o cara em ação ao vivo com a galera participando Long Way From Home


Agora em portuga, para você abrir o sorrisão,  Hey garota, vamos sair por ai!?

10 de dezembro de 2010

Como começou?


Se música é algo que te agrada, enquanto lês, dá uma escutada.


Toda arte tem seus baluartes. Gente que muda os rumos de seu fazer artístico ou simplesmente alia as técnicas já disseminada na arte e rearranjam de forma tão harmônica que acabam por criar clássicos. Alguns deles tem muito sucesso em vida, são reverenciados e expostos como sendo grande coisa, outros deles tem de passar pelo filtro da morte para se imortalizarem como artistas imprescindíveis. De qualquer maneira o caminho desses gigantes começa no primeiro passo. Nessa seleção de seis grandes diretores iremos analisar seus primeiros longa metragem e o que já se configurava como um possível estilo manifestado. E nada de ficar falando de biografias ou fofoquinhas, o que interessa aqui é a primeira ousadia.  Os escolhidos são nessa ordem: Pedro Almodovar; Christopher Nolan; Darren Aronofsky; David Fincher; os Irmãos Coen e e e Quentin Tarantino...
Mais do que pensar nos altos e baixos da carreira o que nos interessa é tentar decodificar um DNA para suas obras (se é que isso exista) e assim ficar mais perto de suas preferências estéticas e metodos de trabalho. Os caras são bons, muito bem estabelecidos no mercado e na crítica e é bem possível que você já tenha visto algum filme deles. Vamos ver onde a história começou....    

Pedro Almodovar, como começou?

Pepi, Luci e Bom e outras garotas de montão - Um coração amante de todos. Almodovar foi perdendo em transgressão e foi ganhando em classe e glamour com o passar de seus filmes. Aqui, na Madrid do começo dos 80, ele escancara, com muita farra e despudor todas as possibilidades de sexualidades de sua terra. Sempre colorido (aqui com uma cenografia mais pobre por motivos óbvios) e surtado os corações de suas mulheres seguem todos os caminhos que descortinam. Seu cinema é um barraco de casal no meio da rua, é baixo Augusta, é absurdamente engraçado, é um tapa na cara (no sentido novela da expressão), sangra como em letras do flamenco. Os jovens espanhóis tomaram as ruas com liberdade total depois de anos de chumbo.

No que deu: A Flor do meu Segredo - De Salto Alto - Tudo sobre minha Mãe - Fale com Ela.


Christopher Nolan, como começou?

Following - Estréia em p&b e já deixa os rastros temáticos de toda sua obra: o engenho e a obceção. Até Cobb e Batman estão nesse filme. Quase todos seus personagens tem planos que se elaboram sob ou sobre os planos de seus antagonistas. Sempre um personagem está um passo a frente de outro e de outro. Nessa estória nas entranhas da cidade um escritor entediado que segue a vida aleatoriamente vai aprender que estar preparado é tudo no mundo de Nolan. A admiração que esse diretor tem por Stanley Kubrick se demonstra em sua estréia homenageando os filmes menores e de estréia de Kubrick.

No que deu: Amnésia - Grande Truque - Batman, o Cavaleiro das Trevas - A Origem.


Darren Aronofsky, como começou?

PI - Uma estréia com muita pretensão. A espiral da loucura filmada em p&b bem granulado. A  Cabala, a matemática explicando todos os padrões da vida, máfia judaica ortodoxa e o sentido do π. A influência que Kafka exerce sobre esse conto novaiorquino é óbvia. Já aqui Aronofsky expõe a característica da descida profunda em espiral (ou em elevação como no caso de A Fonte da Vida) que submete todos seus personagens. Sua câmera parece querer sempre entrar pelas narinas até chegar ao fundo dos pensamentos de quem estampa a tela. Pitágoras, músicas eletrônica, o mercado de ações, Lexotan, epilepsia e um matemático ranzinza. Pena, o ator principal não segura a peteca e da suas vaciladas. A influência de Taxi Driver é latente. 

No que deu: Réquiem para um sonho - A Fonte da Vida - O Lutador - Cisne Negro.


David Fincher, como começou? 

Alien 3 - Falou-se muito mal, mas o filme merece uma segunda visão. A sensacional franquia Alien (que nos dois primeiros capítulos estiveram sobre a batuta de dois diretores monstruosos: Ridley Scott e James Cameron) tem uma identidade visual muito marcada totalmente industrial e sem qualquer elemento de natureza. David Fincher respeita essas características e aplica um apuro cenográfico sem igual e já explicita sua direção clássica de horizontalidade bem aberta, closes fechando em momentos necessários (a cena do alien quase beijando a Ripley é a mais lembrada por todos mundo quando falamos de Alien), e a apurada utilização de computação gráfica. O final é extremamente climático e teria sido um final glorioso para tenente Ripley...não fosse o Alien 4.

No que deu: Seven, os sete pecados capitais - Clube da Luta - Zodíaco - A Rede Social


Os Irmãos Coen, como começaram? 

Sede de Sangue - Em sua primeira incursão em longa metragem os Irmãos Coen não usaram de suas melhores características: a ironia, o humor negro e involuntário; e resolveram ser mais sérios. Nesse Noir intenso e cheio de palavras não ditas eles usam de outra de suas características: os planos que pareciam muito bons e que se quebram em vários pedaços até acabar da pior maneira. Aqui também não abrem mão de personagens desprovidos de beleza e tipicamente interioranos e da violência seca sem retoques. Os Irmãos Coen, mesmo tendo sempre carinho por seus personagens, orientam seus roteiros sob o signo do caos. O que nos aproxima de seu universo afinal, vivemos todos sob o signo do caos.

No que deu: todos todos os que eles fizeram são essenciais (tirando Arizona Nunca Mais).


Quentin Tarantino, como começou?

Cães de Aluguel - A grand premiere de nosso patrono. A saturação sensorial subindo no pódio como grande arte. Tarantino fragmentou diversos aspectos da cultura pop e os recombinou para o mais cool exercício de diversão e do estilo. Sua pós-modernidade bombada deixando pelo chão convicções ideológicas nos faz apelar ao instinto e não ao raciocínio por mais fragmentados e que sejam seus roteiros. Nesse filme de "gênero" "roubo" iremos nos deparar com uma estória cada vez mais claustrofóbica; com a Madonna e suas preferências sexuais; com bandidões sagazes e azarados de L.A.; com Michael Madsen psico total; uma trilha sonora brilhante e a certeza de que foi um filme fudido (ops...). 

No que deu: Pulp Fiction - Kill Bill vol. 1 e 2 - A Prova de Morte - Bastardos Inglórios.


Quentin Tarantino se orgulha muito de tudo o que fez...

-Preciso por minhas pernas pra cima. Tá tuda inchada...
-Ficou muito tempo de pé Vó?
-É, demora pra lavar as calças do seu Vô...
-Tá certo Vó, vai descansar. 


8 de dezembro de 2010

CRAZY LEGS



Esses caras são heróis. Uma das minhas bandas brazucas preferidas, músicos talentosos e um show classudo e vibrante. O Rockabilly que esses caras produzem não deve em nada para qualquer banda gringa. Ter e insistir em ter um projeto musical incrível desses no Brasil é um ato de valentia. Portanto, nada resta senão sacudir essas cadeiras... Rockabilly rules!!!


Primeirinha do sacode é Damn Killer Car



Agora vamos na homenagem a Ed Wood e a participação do emblemático Kid Vinil com Green Man From Mars



E para fechar Women and Cadillac

3 de dezembro de 2010

A Grande Arte da Austrália

Nem só de Crocodilo Dundee e Mad Max vive o cinema australiano. Na terra das pessoas loiras rosadas e do coala faz-se um cinema de muita qualidade, nervoso, calorento e orgástico. Mais que estilo visual (este sempre mediado pelas cores quentes do deserto) salta na tela a força de enredos nervosos que extrapolam a ferocidade da natureza demonstrando que há pouca coisa mais destruidora que as ações desmedidas dos seres humanos. A filmografia que nos chega desse país não deixa de refletir a estranheza sentida pelos seus antigos colonizadores que, diferentemente dos colonizadores do continente americano, não optaram pela miscigenação e integração mais orgânica com o território e se encastelaram em suas fortalezas de Sydney, Melbourne e Adelaide. 


Houve um boom de produção cinematográfica nos anos 70 e 80 que resultou em filmes absolutamente incríveis e muitas pornochanchadas (que também são incríveis). Foi um período de experimentações amalucadas e de produções de orçamentos modestos e de pretensões gigantescas, abrindo assim as cortinas do cinema australiano para o resto do mundo. Vamos lá, uma seleção de fitas de um país com belas garotas e belos filmes. Deu vontade de correr para o Outback...


Ghosts...of the Civil Dead – Sabe o lugar nos fundos da terra que Dante e Virgílio resolvem conhecer? Então, nessa película iremos conhecer um lugar pior. Com certeza os criadores de OZ assistiram até dizer chega esse filme, até o design dos pátios internos das detenções se parecem. Nick Cave está incrivelmente assustador, um psicopata infernal. Esse filme faz Carandiru parecer um filmete da Xuxa, no máximo. Uma reflexão incrível sobre o encarceramento da fúria e podridão de nossa sociedade. E pensar que a Austrália nasceu como colônia penal.

Reino Animal – Uma matilha de predadores acuados. Um leão ferido na savana percebe os abutres se aproximando em espiral. Não sou dado a palavrões, mas este é um puta filme. Imperdível. Tadinhos, eles tem família, se amam, mas é a selva amigo, eles te matariam na primeira oportunidade, é a lei, a falta dela.  A família dos Metralhas do mal, que sorriso apavorante da matriarca. Todo primeiro mundismo tem seus enjeitados armados e furiosos nos subúrbios prontos a disparar. Um dos grandes filmes do ano.

Candy – James Dean foi lenda desde sempre. Eu era criança para entender o caso River Phoenix. Já o Heath Ledger me pegou em cheio. Para mim o melhor ator gringo da primeira década de 2000. E antes de anarquizar Gotham City ele esteve nesse tocante e desesperador conto sobre um amor desfacelando. Junto à lindíssima Abbie Cornish entramos nesse furacão poético cheio de amor, angústia e autodestruição. Tocante e imperdível pela presença sempre imortal desse ator.

Skinheads, a força branca – Não é dos grandes filmes de neonazistas, mas é interessante. Russel Crowe começando na carreira representa bem toda a carga de ódio a tudo e todos perpetrada ao público por esse “movimento”. Um filme sobre a ruína dos estilhaçados, e tem mulher no meio, sempre tem. Não dá para odiar sem parar, os carecas também sofrem de amor. Um grupo de intolerância em países formados por imigrantes tende a extinção nos confrontos diretos. A suástica é admirada por muito poucos, e guerra é numero.

Além de Hollywood – Um ótimo e surtado documentário sobre a época mais prolífica do cinema australiano: de pornochancahdas a cruéis filmes de monstros. Um período de liberdade total de idéias, mas nem tanta liberdade na execução e exibição, que viriam a influenciar realizadores em todo o mundo. Vale muito assistir esse documento sobre uma produção artística praticamente ignorada.

Walkabout, a Longa Jornada – Quer assistir um filme para mudar sua vida? É esse. Brutalmente inteligente pelos detalhes deixados na tela mesmo com um enredo aparentemente simples. Não adianta, a presença do ser humano modifica tudo e todos a sua volta, e a recíproca é verdadeira.  E se se parar para pensar os vales que separam as tribos nem são tão grandes assim. Lévi Strauss já havia pensado nisso. Não, para algumas pessoas é um vale intransponível. Mas o contato molda que o diga o rapaz aborígene cheio de testosterona e a garota da cidade cheia de não me toques. Ambos são corajosos. E no futuro ambos saberão que a distância que os separaram não é natural. Mas é o que se tem para hoje.

Wolf Creek, Viagem ao Inferno – Talvez, depois de ver esse filme, você perca a vontade de visitar a Austrália. Bobagem, todo país que se preze tem seus psicopatas. Um terror com estilo visual acentuado, nem chocante e nem inerte. Mas eu continuo odiando esses personagens desprovidos de inteligência que abundam fitas do gênero e são tão facilmente exterminados. Vamos dizer que seja a versão evil de Crocodilo Dundee.   

Tarantino é fã declarado do cinema australiano. No A Prova de Morte rola até uma homenagem ao Wolf Creek...

-Olha que bonito o Canguru pondo o filhotinho na sacola. Deus faz tudo perfeito mesmo, o homem que estraga.
-Estraga mesmo viu Vó. 

1 de dezembro de 2010

HOLGER



E ai, já ouviu Holger hoje? Holger é, como diria, para animar a festa, salve simpatia...Não à toa fizeram, ao lado do Mika, o show mais legal no Festival Planeta Terra desse ano. Dá uma conferida. Never stop the music...



Primeiro o clip lindão de Let'em Shine Below



Depois vem outro clip espertíssimo The Auction.



E para sentir a animação vai uma apresentação ao vivo de Caribean Nigths.