31 de agosto de 2011

BLACK KIDS

Poxa, espero que essa molecada não suma. No seu único disco eles nos presentearam com ótimas e viciantes faixas. Bem dançante, animados e até provocativos. Responsáveis por umas das rimas mais incríveis do pop dos últimos anos: "Sure, I Know it's apocalypse. But can't it wait til I kiss your lips?". Num mundo ideal seriam reis entres os adolescentes descabelados cheios de hormônios para queimar (e entre os adultos também, não precisa ficar envergonhado). Eu espero que um dia eles voltem com um discaço e se estabeleçam de verdade no cenário. Vamos torcer e por enquanto nos divertir  com essas crianças negras. Ouçam!!!


Começando com a ótima Look At Me (When I Rock Wichoo)


Agora a já clássica I'm Not Gonna Teach Your Boyfriend How to Dance With You


E no ao vivo quebrando corações com Hurricane Jane

29 de agosto de 2011

19 de agosto de 2011

Visões de um futuro imperfeito parte III



"Após a rubra luz do archote sobre suadas faces
Após o gelado silêncio nos jardins
Após a agonia em pedregosas regiões
O Clamor e a súplica
Cárcere palácio reverberação
Do Trovão primaveril sobre longínqua montanhas
Aquele que vivia agora já não vive
E nós que então vivíamos agora agonizamos
Com um pouco de resignação."
T.S. Eliot - A Terra Desolada - V. O Que Disse o Trovão

Eu enxergo nesse fascínio pelo apocalipse de algumas pessoas (das quais me incluo) um desprezo pela normalidade. Pois sejamos sinceros, desde muito pequenos entendemos a noção de término, por mais que doa, e vivemos com a certeza de que mais menos hora tudo isso aqui vai findar. É como se já estivéssemos preparados para o fim e guardássemos nesse fato uma esperança de alguma justiça divina/natural. Quanto a continuidade, e dia pós dia e nada, geração pós geração e nada de justiça ou coisa que o valha. Isso revolta o estômago de todos. Ansiamos pela punição da raça.
O fim daquilo que se considera mundo, da civilização, da raça, nisso está guardado o maior drama de todos.
Sobre o assunto, há décadas os realizadores cinematográficos provocam com suas visões de futuro que desembocam, não raro, para bellum omnia omnes que Thomas Hobbes escreveu ser o estado de onde a humanidade saiu (e tem grande chances de voltar). Se distopias, se a destruição total da humanidade ou dos mundos que conhecemos o Cinema foca suas lentes para os Futuros Imperfeitos. Vamos aos Filmes.


Catástrofe Nuclear - Esse filme de 1984 realizado pela BBC tem a visão mais pessimista, crua, cruel e sóbria que meus olhos já viram. Não há espaço para qualquer alívio cômicos ou redenções. Quando as bombas caírem será destruição, aniquilação e ai dos que não morrerem logo, irão agonizar por meses. E o mais interessante do filme é mostrar que não há heroísmo em larga ou pequena escala. Protagonistas se diluem na multidão de famintos e flagelados. Mesmo os de alto escalão viram pó ou um corpo cheio de úlceras depois que as bombas caem. Quem quiser ver está no Youtube. Clica aqui

Mortos que Matam - Desconfio que George Romero gostou tanto e se inspirou tanto nesse filme que quatro anos depois estava ele com sua noite de mortos vivos. Achei a parte do recordatório um tanto monótona mas a "revelação" final é bem interessante. Para melhor aproveitamento olhos contemporâneos devem relevar as restrições orçamentárias e os conceitos de ação da época. Quem quiser ver está no Youtube. Clica aqui.


Os 12 Macacos - A Elipse. A Espiral. A Fita de Moebius. A viagem no tempo. A luta quixotesca para salvar a humanidade. Um vírus pesticida aniquilou o praga humana do globo, os animais voltaram a reinar a superfície do globo e cabe a James Colle a missão de voltar no tempo e impedir a extinção de sua espécie. Colle é um homem do futuro apaixonado pelo presente (o ano de 1997). O Presente será sua perdição e a história do mundo entra em espiral eterna. Esse filme está cabeça a cabeça com Brazil, O Filme como o trabalho mais instigante de Gilliam. Quem quiser ver o curta que deu a ideia para Gilliam La Jetée é só clicar aqui.


Zumbilândia - Tá no inferno, abraça! E por que não se divertir com o fim do mundo? Só pela sequência com o Bill Murray já vale a sessão. Sinceramente a amizade e admiração que Columbus e Tallahassee desenvolvem é muito mais interessante que o romance entre Columbus e Wichita. Woody Harrelson é muito simpático e engraçado em tela. Columbus e Tallahassee são sobreviventes ideais e contrários em personalidade e atitude perante o mundo, assim sendo, parceiros que se completam. Um sopro de otimismo e diversão num gênero tradicionalmente carrancudo. Divertido do começo ao fim. Imperdível.

Wall-E - Para começar, é meu filme preferido da Pixar. E que a Pixar é o estúdio hollywoodiano que mais gosta de cinema na atualidade é fato. E só por homenagear com muita graça leveza e, principalmente, beleza grandes heróis trapalhões do cinema mudo como Chaplin, Harold Lloyd e Buster Keaton já merece um lugar nos corações dos amantes da arte. A sequência de abertura é explêndida: o mundo desabitado e tomado por torres de lixo e o robozinho Wall-E segue sua programação de processamento do lixo. A solidão, o devaneio, a paixão por Eva, a vontade de salvar o que sobrou da humanidade e o otimismo invencível de Wall-E. Obrigatório e um dos melhores filmes já feitos (na minha opinião).

O Menino e o Cachorro - Mesmo que o mundo tenha virado um infinito deserto e não haja comida, bebida, mulheres e a grande maioria dos remanescentes sejam piratas psicopatas não é motivo para abandonar a boa e velha ironia. Claro que a grande atração é o cachorro Blood que ganha personalidade pela narração de Tim  McIntire. A sequência da comunidade simulada no subterrâneo é bem dispensável e chata, mas o final é de um delicioso humor negro que não tem como não sorrir.  


Tarantino é um dos Cavaleiros do Apocalipse


Vó, olha que legal. Segunda eu começo minha Pós...
Pós?? Que que é Pós?
Pós-graduação, é um curso que se faz depois de acabar a faculdade...Entendeu?
Ah, tá certo...Que bom...(e olha para o horizonte como se descobrisse um continente).

17 de agosto de 2011

THE JAM

Ouso dizer que é a melhor banda Punk de todos os tempos (pelo menos para mim). Letras contestadoras e com uma poesia precisa, melódica e, mais importante, belíssimas. De longe um dos Power Trios mais fundamentais do rock. Eles aliaram a fina estampa do mod com batidas soul, punk e até abriram caminhos para new wave. Paul Weller, o vocalista, resolveu terminar com a banda no auge e entrar para História e depois seguiu em uma prodigiosa carreira solo. Pode ouvir que é coisa fina.

Começemos com a beleza colossal de That's Entertainment


Playback pode? Se for The Jam executando Eton Rifles pode...


E para fechar a clássica Town Called Malice

5 de agosto de 2011

Tiros no Deserto Parte II



"O inferno dos vivos não é algo que será: se existe um, é o que já está aqui, o inferno em que vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Há duas maneiras de não sofrê-lo. A primeira é fácil para muitos: aceitar o inferno e se tornar parte dele a ponto de não conseguir mais vê-lo. A segunda é arriscada e exige vigilância e preocupação constantes: procurar e saber reconhecer quem e o quê, no meio do inferno, não são inferno, e fazê-los durar, dar-lhes espaço".
Italo Calvino, A Cidade Invisível


O Oeste não é um ponto cardeal. É um lugar futuro, em construção, inventado e disseminado como Eldorado, mesmo que na realidade seja um inferno na terra. O Oeste é um lugar longínquo que necessita ser conquistado, quem já habita o lugar são sempre selvagens necessitando e ansiando pelas benesses que temos a lhes oferecer. O Oeste é a fronteira a ser expandida. O Oeste tem recursos naturais abundantes a serem explorados: terras, escravos, ouro, especiarias, animais, petróleo. No Oeste a comunicação é feita com armas. 
O Oeste não é estadunidense, O Velho Oeste é a colonização: é o Pará; é a Bretanha de Adriano; é Potosí; é o Outback; são as Guerra Médicas; é o Norte da Africa. 
O Cinema, e antes dele a literatura, estadunidense criaram o Velho Oeste, ou, pelo menos, cimentaram um folclore, uma visão um tanto quanto míope desse período curto porém marcante na História. Nostalgia distorcendo o passado. Boa parte dessa produção refletia o espírito patriótico do pós-guerra, com algumas ressalvas de certas obras de John Ford entre outros.  
Logo que os Europeus começaram a refletir sobre o gênero e produzir filmes sombrios, cínicos e artisticamente muito ambiciosos (principalmente os italianos) a geração estadunidense do fim dos anos 60 em diante seguiram esse caminho. Vamos a mais uma seleção de bang-bangs  posteriores ao período clássico do gênero.


To be continued...

Os Imperdoáveis - Esse está na minha seleção pessoal de melhores filmes de todos os tempos. Bill Munny parece ser um personagem sobrevivente e aposentado de o Meridiano de Sangue de Cormac McCarthy. De um passado violentíssimo e inescapável sabemos que Munny é sanguinário, mas foi domesticado por uma garota e pela vida familiar que se seguiu (como dita o letreiro inicial que tanto irrita os críticos irritadiços). É daqueles filmes que cada vez que você assiste melhor ele fica. Lutar constantemente com o diabo que te habita. Munny se endireitou; matar era passado; matar é o que ele faz como ninguém. Um filme de interpretações maiúsculas. Uma elegia necessária ao Western. E além de tudo isso tem uma das melhores falas da História do Cinema: "Merecer não tem nada a ver com isso". É para ver a cada ano.

Meu Ódio Será Sua Herança - Tem a cena de abertura mais excitante e graficamente bela que já vi. Essa cena contém o eixo da narrativa: as formigas devorando escorpiões que lutam até o último momento, tudo isso em meio ao fogo que consome tudo. O que faz Peckinpah até hoje um maldito e renegado é sua capacidade de afrontar. Para representar a contento um período e lugar tão feral e seco como a fronteira fervilhante entre EUA e México no fim do século XIX e começo do XX não há de se poupar os mais fracos (velhos, mulheres, criança e animais), está ai, afronta. Outro fator que faz Peckinpah ainda hoje um verdadeiro artista era suas escolhas de elenco, sempre homens brutos e de meia idade (nada mais anti-comercial para os nossos dias). É interessante para mim que todos os filmes que vi dele carregam de largada uma tragicidade que acompanha seus protagonistas em toda película. E essa tragédia se não os mata faz suas almas morrerem. Obrigatório.

Keoma - Foi o western mais sombrio que já vi, gótico quase. Southern Gothic para ser mais exato. Enzo Castellari compõem belíssimos quadros (e não estou falando só das tomadas externas) só que quando chega na trilha sonora...nossa! O mal gosto impera. E suas câmeras lentas para tiros não são nem de longe tão impactantes quanto as de Peckinpah. Ainda sim os atrativos são vários: Franco Nero; violência estilizada versus as leis da física; belas tomadas de cenário europeus tentando em vão ser american. Após a guerra a terra arrasada e os predadores se fortalecendo. Quem tem mais armas tem poder. E Keoma só queria descansar, mas antes muito sangue tem de correr.

El Topo - Daqueles que literalmente dobram a crítica com o tempo. E deixando as pirações e simbolismos um pouco de lado o filme tem imagens belíssimas, grandiosas até. Eu gosto da primeira metade, antes da morte e santificação do El Topo (a parte "Western" do filme). Apesar que a sequência da Igreja da roleta russa ser particularmente marcante. Jodorowsky tem algo de heroico, aquele heroísmo do it yourself das vanguardas, apesar de muito de seu discurso ser ultrapassado (e não me venha com aquela idiotice de que "envelheceu mal"). O deserto é infinito, a sobrevivência é sorte e o pistoleiro deve superar os gurus do revolver, mesmo que na malandragem. Ascensão e ruína de El Topo, o messias do povo deformado das cavernas. Uma boa pedida para o Sábado de tarde. 

O Portal do Paraíso - Cinemão, maiúsculo, filho de Griffith, Cecil B. DeMille, Visconti. Sabe aquele papo de que diretor fulano foi capaz de recriar uma época? Para o que Cimino fez aqui essa frase se aplica. Pode ter sido um fracasso comercial retumbante, mas artisticamente é uma jóia e, pessoalmente, eu adoro. A ressalva vai para algumas cenas truncadas do último ato, imagino que pelo corte do estúdio, mas cinco horas de filme não dá. A frase de John Bridges ecoa: " O arame farpado e as mulheres são os dois maiores agentes da civilização!". O progresso e a ordem devem ser estabelecidos: os donos de terra, as bocas para alimentar, as armas e os psicopatas. Os que chegaram primeiro contra os que chegaram depois, os dois lados se matam em abundância, assim se forma uma nação. Um filme que arrebentou os últimos alicerces do Western.

Bravura Indômita - Luminoso, límpido até. Seguramente é o filme mais acessível dos Coen. Hailee Steinfeld interpretando Mattie é um arraso. Mattie é uma garota vivendo num mundo brutal sem concessões, e não é que ela sabe se virar. Pode comparar com o filme "original" do Hathaway, é saudável. Como sempre, nos filmes do Coen, os diálogos enchem a tela, são ótimos. Interessante também como normalmente eles abraçam o caos e a aleatoriedade determinando a vida de seus personagens e aqui nesse Bravura, Mattie, Rooster e LaBoeuf tomam as rédeas do destino para si. Rooster Cogburn é um velho galo de briga, cheio de cicatrizes, mas ainda eficiente. Há muito de desejo velado entre a trinca de personagens principais que sabiamente fica nas entrelinhas. Um tiro certo.


Olha, o Kris Kristofferson seria uma obrigatoriedade no Django Unchained do Tarantino, hein!?


Os Bang-bangs são os únicos filmes que meu pai aguenta ver até o final sem dormir.


3 de agosto de 2011

GUILLEMOTS

Uma banda com um par de músicas inacreditavelmente boas, daquelas que te dão inveja ou te inspiram a fazer música. Não estourou pois tinha alguns mísseis pop hypados e certeiros no caminho (Kaiser Chiefs, Arctic Monkeys e etc.). Sensibilidade sem floreios torpes, músicos bem entrosados e simpáticos, letras com poesia simples, direta e lírica no extremo, e um brazuca na bateria o Mc Lord Magrão. Ouça e se encante.



Para começar, Sir Ian McKellen mandando ver em Falling out of Reach


Agora os caras no ao vivo com a ótima Kriss Kross


Fácil fácil uma das músicas mais bonitas que já ouvi Trains To Brazil


Bônus Track

Impossível deixar de fora a Made-Up Lovesong #43

1 de agosto de 2011

BATMOBILE

Os holandeses do Batmobile (que nome fantástico!) chegam nessa segunda detonando com Bambooland. Rock it!!!