30 de setembro de 2011

Séries Inglesas

Salve a Rainha...NOT!!!
Por décadas saíram vários seriados clássicos e imperdíveis da terra da rainha. Na década passada não foi diferente, muita coisa legal, de todos os gêneros, saiu da terra do chá das cinco e dos dentes feios.
Ouso dizer que a "revolução HBO" refletiu e exacerbou algo que já vinha sendo feito na Inglaterra há um tempinho. A ousadia temática que vem rolando nas telinhas estadunidenses não é algo incomum para a galera da BBC ou do Channel 4.
Gosto, principalmente, da ironia metralhada pela maioria dos personagens ingleses independentemente do tom da série. Muitos podem pensar nisso como um alívio cômico, longe disso. Tem o mal humor corriqueiro do céu cinzento. E estamos falando da Inglaterra, portanto, a trilha sonora é sempre, no mínimo, sensacional.
Enfim, coloca o chá para esquentar, senta no sofá com um pacote de bolachas e assista uma dessas ótimas séries.

Life on Mars - Cara, que seriado. Life on Mars é sobre muitas coisas. É sobre sentir-se morto em vida. É sobre ser um estranho em qualquer lugar ou tempo. É, também, uma série policial formidável e bem inteligente. Ponto para direção de arte que nos transporta em detalhes par 1973. E Philip Glenister, interpretando Gene Hunt, é uma força da natureza, o policial mais durão do Reino Unido. Life on Mars lembra muito O Terceiro Tira de Flann O'Brienn. Minha ressalva vai para o último capítulo: muita coisa se acumulou e o encerramento deixa nítida impressão de correria, as pontas soltas são atadas apressadamente e de forma atrapalhada. Valeria a pena ver Sam Tyler do outro lado de sua vida sentindo nada e se convencendo de que o mundo real não é lá grande coisa. Imperdível.

Rastros da Maldade - Vamos dizer que seja um CSI para macho.  Dr. Tony Hill é daqueles homens que se debruçam no abismo para enxergar monstros. Dr. Tony Hill conhece os monstros, pelo nome. Tony Hill estuda o comportamento do que há de pior na humanidade. Claro, observar monstros gera cicatrizes e é necessário muita coragem. Ótima série policial.

Secret Diary of a Call Girl - Primeiro, Billie Piper...two thumbs up! A primeira temporada é excelente, principalmente por focar problemas, alegrias e aventuras corriqueiras na vida de uma acompanhante. Belle/Hannah abre seu diário a todos e já no primeiro capítulo nos fisga com simpatia e cinismos. A primeira temporada é a melhor por ser a menos novela, sublinhar paixonites e enfatizar o lado material girl de Belle/Hannah. Belle é uma profissional de primeira, muito inteligente e ambiciosa, mas é doce e atraente. Ela sabe que o dia esconde o que a noite mostra.

Skins - Só posso falar da duas primeiras temporadas que eu assisti (e pelo que sei são as melhores e com o elenco mais atraente e simpático). Quer conhecer a molecada hedonista, consumista e niilista que saqueou Londres? Aqui tem indícios. É exagerado sim e esteriotipado sim, ao mesmo tempo, é extremamente dramático e melancólico. Pode se pensar que essa molecada (a nossa molecada ou a deles) é simplesmente idiota e alienada. Não, seu idiota alienado, essa molecada é tão perdida na vida quanto seus genitores e responsáveis. Já que finalmente chegamos ao fim da História e nada mais há para almejar por se acabar, literalmente, nas festas? Enfim, tem muito mais que isso, eu adorei a série. Assista e me diga.

Desperate Romantics - Porque um movimento artístico, proposital ou incidental, só tem valor se ofender amplamente a arte vigente. Não há como negar a beleza da produção de época, e me agrada principalmente a iluminação "caramelada" (na real o que me agrada principalmente são as musas ruivas estonteantes interpretadas por Amy Manson e Jennie Jacques). Além do final abrupto e mal resolvido, me entristece terem colocado em segundo plano os processos e os significados da arte para aquele grupo de jovens (e no meu caso particular que ama a arte Pré-Rafaelista empobrece ainda mais a narrativa). Me desagradou, no fundo, o tom de novelão.

Wallander - Vamos começar dizendo sobre a sofisticação e apuro na confecção das imagens dessa série. Depois vamos falar do trabalho soberbo de Kenneth Branagh (e de todo o elenco de apoio, dia-se de passagem) fazendo esse homem comum tendo de enfrentar as batalhas diárias de um trabalho sombrio. Kurt Wallander é um melancólico por excelência e como tal guarda silenciosamente toneladas de amarguras dentro de si. Ele não vai explodir, vacilar vez ou outra, mas desmanchar nunca. Wallander não é uma mente brilhante, ele é um trabalhador, um, persistente. Suas investigações tiram o mundo dos envolvidos nos casos dos eixos e a aplicação da lei na vai recolocar tudo de volta nos eixos. A muita sujeira escondida no primeiro mundo. Imperdível. 

Tarantino curte mais seriados japoneses e tailandeses. 

Minha Avó não assiste nenhuma novela Deus me livre...mas não perde um capítulo...

28 de setembro de 2011

DANKO JONES

Tá ai um show que eu me arrependo muito de ter perdido. Danko Jones é um power trio daqueles...daqueles bons... Canadenses loucões, rock direto, reto e alto. Música sem frescura, com malícia e bom humor, ideal para estradas. Um neto lesado de Motorhead cheio de músicas cantantes. Tá sempre no meu Ipod. Grita ai, Danko Jones!!!


Começando com a minha preferida Code of the Road


Agora a já clássica I Want You


E pra fechar os caras ao vivo com Dance

26 de setembro de 2011

DIRTY BEACHES

Como o futuro do mundo é de olhos puxados, o do Rockabilly também. Direto de Taiwan, Alex Zhang Hungtai, estiloso até o DNA, vem destruindo com Sweet 17. Enjoy!


9 de setembro de 2011

Corações Partidos



Vamos começar pelo fim. Ninguém nos prepara para isso. Passamos a vida correndo atrás de um amor, para isso sabemos como proceder, mas nada te prepara para perdê-lo.
Se os franceses chamam o orgasmo de la petite mort deveriam chamar sua antítese, o pé na bunda, la grand mort
Quando Deus solta nossas mãos e caímos no gelo sentimos a maior solidão que podemos experimentar, muitos chamam isso dor de cotovelo. Não é culpa de ninguém. A culpa é dos dois. E é aquela coisa, ninguém mete a colher.
O descompasso entre as partes. Algo que era tão bom já não funciona mais (né Ian Curtis?). O outro não é mais tão importante. Já acabou há tempos mesmo que um não queira admitir. A vontade de ficar juntos vai virando um peso e finalmente um desprazer. O fim é a única saída.
Centenas de milhares de horas de músicas gravadas sobre o tema. Rios de tinta gastos versando sobre corações partidos. Infinitas horas gastas em analistas, bares e nas orelhas de amigos chorando mágoas de amores passados.
Encontrar o amor é um tema muito mais caro ao cinema do que o tema da perda do amor. Compreensível, afinal a fossa em que entramos com o fim de um relacionamento só rivaliza com a morte. Por isso, no geral, os realizadores que focam suas lentes em personagens com coração partido o fazem com compadecimento e compreensão. Vamos machucar (e curar) nossos corações.

Apenas o Fim - As influências de Matheus Souza são tão numerosas quanto as referências disparadas pelo personagem interpretado por Gregório Duviver. Érika Mader sempre fraquinha e bonitinha, mas o Gregório Duviver segura bem a peteca. A participação do Marcelo Adnet é ótima. Adriana e Antônio estão naquela maldita idade em que temos de perder qualquer traço de inocência. É hora de decidir e nem por você nem por ninguém eu me desfaço dos meus planos. Adriana tem de partir, ganhar o mundo, Antônio tem de ficar e garantir o seu. É o fim apenas, se eles ficassem juntos morreriam aos poucos. Vamos partir com eles.

Amorosa Solidão - O cinema argentino é coisa linda. Soledad é uma graça (as meninas diriam uma fofa). Também sua intérprete Inés Efron é uma fofa. E o Darín não larga de ser o pai dela no cinema. Um filme que funciona para quem aprecia roteiro de minucias. Soledad aprende que amor e desamor afetam o corpo: o coração parece querer sair do corpo, o sangue parece correr ao contrario e os pulmões esvaziam. Vai passar Soledad, vai passar.

500 Dias com Ela - Acho que o grande mérito de Marc Webb está na apresentação da dualidade: a simpatia e complacência que sentimos por Tom (o que não é difícil já que seu interprete é o sensacional e futuro coolzão Joseph Gordon-Levitt) com seu coração despedaçado; e a esfinge que se chama Summer: Indecifrável para Tom apesar de completamente clara em suas intenções. Tom queria acreditar em algo que não estava nos olhos azuis e no sorriso blasé de Summer. Iremos folhear uma espécie de diário de Tom para entendermos o que ocorreu nesses 500 dias. Encantamento mútuo, The Smiths, enfado, depressão, superação(?), guinadas dadas pela vida. Um filme cheio de graças. Um filme imperdível.

Namorados Para Sempre - Interessante como o filme fatia a opinião de gêneros. As meninas defendem Cindy, os garotos tomam as dores do iludido Dean. Em cada um deles está a gênese e o apocalipse de seu relacionamento. O que provocava encantamento antes (como a indecisão de Cindy e a impulsividade de Dean), agora pavimenta a dor da desilusão. Claro que eu me dôo por Dean. Ele carrega todo aquele romantismo e esperança e não consegue olhar para os lados e ver a armadilha se armando (mas, afinal, isso é amar, não!?). Um filmes extremamente romântico e muito muito doloroso. Você torce pelo casal, mas não há salvação, está impossível, uma dose cavalar de dor vem pela frente.

Amores Expressos - Primeiro, Kar-Wai está na minha santa trindade cinematográfica. Segundo, Tarantino amou de paixão esse filme. Terceiro, vou falar dele sempre que eu puder. Como um paínel dos corações apaixonados e perdidos de Hong Kong este filme funciona bem numa sessão dupla com Fallen Angels. O cheiro que fica na casa atiçando memórias e melâncolias. As pessoas que cruzam seu caminho e que poderiam ser o amor de sua vida/o maior amor perdido de sua vida. Se Kar-Wai não é o maior poeta do amor no cinema é, ao menos, o que me atinge em cheio.

Cashback - Gosto bastante desse filme. Eu simpatizo demais com personagens insônes (sofro do mesmo mal) e Ben vê sua cama virar um campo de batalha mental após perder a namorada. É hora de se transformar Ben e ver que Suzy não é grande coisa. O tempo vai passar e até a Suzy vai passar. Ben vai voltar a dormir. A galera que trabalha com Ben no supermercado é hilária. E Ben usa camisa tricampeã do Brasil para jogar futebolzinho com a galera. Cheers mate! 

Tarantino sabe muito bem que só se cura de uma dor de cotovelo com muitos litros de sangue espirrados na tela.

Minha Vó nunca teve o coração partido pois isso é um conceito do mundo moderno e degenerado. 


8 de setembro de 2011

MILES KANE

Se há algo que se possa chamar de legitimo rock inglês esse rapaz o faz. Quem pode conferir sua simpática, energética e ótima apresentação no Parque da Independência (na faixa) não se arrependeu. E só por ter colocado a Daisy Lowe de stripper em um de seus clipes ele já merece um prêmio. Claro, também pela parceria com Alex Turner que gerou um dos discos mais empolgantes que já ouvi. Mas vamos ficar com seu trabalho solo (ele já teve uma banda The Rascals). Confira e se divirta.

Vamos começar pelo estiloso Rearrange


Ele colocou a Daisy Lowe de stripper no clip...sem mais, Come Closer


E agora a porradinha Inhaler

2 de setembro de 2011

A Piada de Mal Gosto

Eu adoro piada besta. O Humor negro/afrodescendente. A careta.  O que ofende as avós. O que ofende a "inteligência" de C.A. A nudez vexatória. O Tapão na cara. O silêncio constrangedor. O palavrão. O besteirol  eu amo. A falta de sentido. A Paródia. A constrangimento. A cara de bobo. O humor da turma do fundão.
Previsível e muito provavelmente sem graça na vida é o que me vier com: "Adoro humor inglês...tipo Monty Python"; "Adoro Peter Sellers"; "Bom mesmo é Jacques Tati"; "hoje em dia é tudo lixo, o mestre é Chaplin". Odeio saudosistas, elitistas e os artisticamente míopes. Esses que não percebem que as plateias contemporâneas desses artistas eram bombardeadas por eles com os mesmos truques que enunciei no parágrafo acima.
Dane-se a sutileza! Morte ao bom gosto! Para o inferno com o refino. Eu quero rir até a barriga doer e não importa o custo.
Vamos ficar com algumas espécimes de filmes ofencivamente engraçados da última década. Enjoy mudafuckaaaaaaaas!!!

Se Beber Não Case - O título brasileiro é ótimo. Três nomes fazem desse filme uma das comédias mais legais dos últimos anos: Zach Galifianakis, Ken Jeong e Ed Helms (com destaque para o senhor Galifianakis).  Talvez só os XY heterossexuais vão enxergar a graça que está, dentre várias outras coisas, na trilha sonora propositalmente brega brega brega que multiplica o risos. Funciona tanto por ser a comédia que liberta, nem que seja por um fim de semana, os escravos do cartão de ponto e da aliança de casamento, para a esbórnia quanto por focar com carinho esse bando de lobos. As meninas ficam um tanto incomodadas por aparecerem no filme como chatas e controladoras (com exceção da prostituta interpretada pela uau Heather Grahan), mas não fiquem assim. Boys just wanna have fun!!!

Zoolander - Porque, afinal, o mundo da moda está ai para ser zoado. Para mim um cult. Will Ferrel nos entrega seu papel mais hilariante como o estilista Jacobim Mugatu. Um besteira deliciosa, sem explicar a piada vamos ficar com as amostras grátis. 

O Virgem de 40 anos - Poucas, pouquíssimas coisas são mais engraçadas, vexatórias e atraentes que a fraternidade masculina. Para mim o grande nome do filme é Romany Malco interpretando Jay, todo mundo queria ter um amigão desses. Na real os três amigos de Andy são ótimos e não me venha com bromance. Amigo de verdade é isso ai, ajuda quando tem de ajudar mas nunca, nunca perde a piada.

Trovão Tropical - Porque, afinal, o mundo do cinema está ai para ser zoado. A abertura com aqueles trailers é espetacular, de chorar de rir. Robert Downey Jr. manda muito bem de ator australiano "negão" que se leva muito a sério como ator (também, após cinco Oscars). Essas "estrelas" mimadas precisam ser purgados de seu gigantes egos. Interessante como os atores estadunidense sabem tirar sarro de sua condição, os atores brazucas precisam aprender isso.

Borat, O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América - Sacha Baron Cohen é um cara de culhões. Há de se ter coragem para exercer o humor. O senhor Cohen é bem valente ao por o dedo nas feridas e literalmente sofre no corpo as consequências de suas gracinhas, é a atuação entregue ao acaso do "mundo real". Borat é um personagem que desperta simpatia por sua ignorância, animação e vontade de conhecer o mundo (ou o US and A). Ele é um anti-Grouxo Marx, no fim das contas um ícone pop. Larry Charles está nos enganando com sua linguagem inovadora de cinema, e como eu adoro. Exagerar ao extremo o esteriótipo ao ponto de cegar os desavisados (ou os completamente burros) é jogada de mestre...pra quem não sofre a pegadinha...Amostras grátis.

Nacho Libre - Essa é uma das minhas comédias preferidas de todos os tempos. Esqueleto é um personagem inesquecível e a seu modo encantador. Ele solta a pérola: "I don't belive in God. I belive in science". O diretor Jared Hess é o rei dos losers e outsiders e nesse filme ele nos entrega sua dramédia de ringue com gags espetaculares. Palmas para Jack Black em sua atuação mais engraçada, na minha opinião.

Na real a maior comédia do Tarantino é o Kill Bill Volume 1.

Minha Vó morre de rir com qualquer piada que tenha seu marido como alvo.