4 de agosto de 2012

Vamps Parte I

Sweet Wine by Cream on Grooveshark
As alegorias suscitadas pela lenda do vampirismo são extremamente atraentes. E de todas as representações do mito vampírico a mais atraente, por motivos óbvios, é a atração vampírica entre duas mulheres.
E o vampirismo nada mais é que uma metáfora para um relacionamento sexual: um ser mais velho sugando a energia vital de outros para sentir-se eternamente jovem...sei! E nada é mais plasticamente excitante que o ato vampírico praticado entre dua fêmeas...nada. E vários realizadores de cinema já repararam nisso há tempos.
O fetiche dos fetiches. A fêmea mais fatal e irresistível de todas seduz e trucida homens sem lhes dar qualquer prazer, e só se entrega ao toque e sangue de outra mulher. 
No geral, o que falta em grandes atuações esses filmes compensam em belíssimos e sinistros planos visuais. E quem liga para atuações quando temos maravilhosas vampiras sugando sangue e acabando com a raça dos maridos bundões.
A matriz narrativa é, no geral, a mesma: uma casal (homem e mulher), que já apresenta sinais de crise, será desfeito com a chegada de uma vampira que irá seduzir o homem e eliminá-lo para enfim poder ficar com a mulher do cara. 
Boa parte da nossa seleção de filmes foi produzida durante um período de ouro do cinema europeu. Tiveram a alcunha de trash, mas o tempo foi redentor e os alçou ao status de cult.
Sem mais delongas, vamos às belas vampiras.
Escravas do Desejo - Me diz: o que são Delphine Seyrig e Andrea Rau sensualizando no mesmo filme? Beira a perfeição. A senhorita Rau entrou para meu hall de musas da década de 70. Não posso deixar de falar da sofisticação da Condessa de Bathory interpretada por Delphine Seyrig, e que seria uma enorme influencia na vampira que Catherine Deneuve viveu no filme de Tony Scott. A climática da película é de delírio, solidão e, por vezes, sufocante. Num esquecido hotel na costa francesa se desenrola um quadrado amoroso com um casal recém casado (e diga-se: o homem é mentiroso, medroso e tem um pai meio esquisitão) e uma dupla de vampiras. Lábios escorrendo vermelho em corredores vazios. Um sussurro e o tesão. Um filme que me capturou pelas imagens. Uma obra prima do kitsch chic que só a Europa setentista poderia produzir. Fique com o trailer.

 Vampiros Lesbos - O mestre do eurotrash mostrando as presas. Mulheres peladas tostando em praias turcas. Soledad Miranda desfilando sex appeal com sua echarpe vermelha é algo celestial...ou infernal. A estética de excesso (de cores, nudez, sangue, closes); o fiapo de trama e a aura viajandona drogada de Franco é ame-a ou deixe-a. Eu compro. Talvez a obra máxima do European Exploitation. Veja o ótimo e não seguro para o trabalho trailer.

As Filhas de Drácula - Será o filme de terror mais sexual de todos os tempos? A nudez carnuda e inesquecível de Marianne Morris confirma a tese. Sem dúvida o filme vampiresco mais alinhado com a recente revolução sexual. Fran e Mirian são sedentas: só se contentam com muito sexo e muito sangue. Homens, mulheres casais... o que vier elas traçam e matam. O estilo de filmagem de José Ramón Larraz é seco, iluminado porém cinza, conforme a climática inglesa. Um filme absolutamente imperdível. Veja o trailer.

A Condessa - O que falta em concisão - tanto na direção quanto na construção de roteiro - sobra em apuro imagético. Quase no limiar geográfico do ocidente, em meio a guerra e o cotidiano sangrento e costumeiro às pessoas da época, uma mulher de poder e força se banha em sangue. Ela luta na guerra de tronos e se perde de paixão. A abordagem de Julie Delpy pode até ser sutil, mas é reducionista. Motivar o banho de sangue promovido por Erzebet Bathory a um caso de coração partido é pouco. Tem muito mais crueldade, vaidade, petulância e arrogância do antigo regime na vida dessa personagem fascinante que esse filme possa supor. A relação de Bathory com a bruxa Darvulia é muito mais interessante do que o pretenso amor entre a condessa e Istvan Thurzo. Vale uma olhadela. Veja esse filme aqui.

Carmilla, A Vampira de Karnstein - Ingrid Pitt pode até falhar em interpretação, mas é uma erupção de sensualidade. Sua personagem, a vampira germânica Carmilla é uma devoradora de mulheres. Por onde passa deixa um rastro de corações partidos e cadáveres. Dentre suas conquistas a personagem interpretada com olhar inocente e volúpia corporal pela linda Madeline Smith é a mais marcante. Veja esse filme dos estúdios Hammer aqui.

Fome de Viver - Poxa, ai é sacanagem. David Bowie, Catherine Deneuve, Susan Sarandon na flor da idade (apesar de que a idade acabou por embelezá-la) e Bauhaus no mesmo filme é covardia. Somando-se a isso a estética pós-punk sombria e a periculosidade sexual da época do surgimento da AIDS tem-se um cult instantâneo. Um romance lésbico-gótico e visualmente kitsch, quer dizer, beira a perfeição. E as qualidades da fita se sobressaem tanto aos defeitos de montagem truncada e trilha sonora datada que não tem como não se envolver: um drama sobre AIDS, um filme de terror. Talvez seja o filme quintessencial do gótico. Quer assistir esse clássico imperdível? Clica aqui.


Tá na hora do Tarantino gravar um vampirexploitation, fala ai!? 

Rezo para que minha Vó nunca leia esse post...

2 comentários:

  1. Fico pensando como sua avó ainda não teve um infarto, tendo um netinho como você... ¬¬
    uahsuahsuash

    Muito legal o post.

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  2. É isso ai Mariana, deixando minha Vovó orgulhosa desde 1985... Muito obrigado pelo comentário.

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