1 de junho de 2012

Não Fode

Sex (I'm a...) by Berlin on Grooveshark
Há uma série de filmes que se propõem a focalizar o assunto que mais desperta curiosidade e inquietação de todos: o por quê; como e o que se faz na alcova. Tem muita gente querendo te ensinar como e com quem se deve transar (ou foder, escolha conforme suas determinações de criação). De todas as instituições a que mais me intriga é a indústria pornográfica. Claro, sempre há espaços para nichos - com a internet mais ainda - porém, o porno não admite muitos desvios, independentemente da orientação sexual. As mulheres que o digam, os corpos devem ser esculpidos conforme as tendências da última hora; os comportamentos  e procedimentos do coito também se encaixam em categorias definidas.
Porém há filmes que fogem do sexo clean dos enlatados europeus e hollywoodianos. Filmes que checam a vida sexual de pessoas que nem imaginamos como se comportam desnudos.
E no fim das contas sexo serve para muita coisa: flagelar; se esconder; cauterizar; se humilhar; fugir momentaneamente de um relacionamento ruim; para se sentir vivo; para se matar; para chorar; para ser feliz; passar o tempo e até para gozar. 
E, mal parafraseando Millôr, esquisito mesmo só aquele que não pratica o ato.
Vamos a seleção de filmes.

Beleza Adormecida - Gelado, um filme glacial. Se Julia Leigh queria significar muita coisa falhou. É o típico caso de filme que os silêncios não dizem nada mesmo. Lembra vagamente a obra de Yasunari Kawabata com sua Casa das Belas Adormecidas, mas falha abundantemente onde Kawabata acerta: a decrepitude, amargura e inevitabilidade do fim. Leigh nos apresenta uma jovem sem motivações e vazia. Impossível simpatizar com Lucy mesmo sendo interpretada pela bela Emily Browning. Veja o trailer

Ano Bissexto - A tristeza que Laura esconde é colossal. A foda ocasional é um alívio de minutos.   Sua vida é algo de muito enfadonho mas isso é algo que ela não pode demonstrar, ninguém pode, afinal, quem gosta de gente reclamona? Talvez o tapa na cara, o enforcamento, o golden shower a façam sentir algo. Todos querem sentir em abundância, a homeostase emocional é dolorida. Fica com o trailer.

O Porteiro da Noite - Falha na execução, acerta na premissa. Qual seria a fantasia sexual mais politicamente ultrajante do pós-II GM? Liliana Cavani nos responde com uma relação s&m entre um torturador nazista e sua ex-algoz judia numa Europa ainda cinza e cheia das marcas de balas do conflito. Talvez seria mais instigante se houvesse mais contrastes entre as dores impingidas nos campos de concentração de Maximilian Aldorfer contra a carne de Lucia Atherton e as dores e humilhações consentidas que eles perpetuam na cama. Quer ver uma amostra? Clica aqui. Aviso NSFW. 

A Professora de Piano - Um dos filmes que mais me entristeceram na vida. Não sei porque nos afeiçoamos por Erika sendo ela tão desprezível.Talvez a maior pervertida do enredo seja a mãe de Erika: castradora ao extremo e sem coragem para concretizar o incesto que tanto lhe pesa nos ombros. Erika é um ser estragado e em qualquer relação que se envolver vai levar sua carga de dor à esta. A Erika não está destinado as ternas mãos dadas, ela só sabe lidar com o auto-flagelo. Não há príncipe encantado para salvá-la, lhe resta a degeneração e pequenos momentos de prazer para destruir-se. A facada que Erika desfere em si acaba por doer nos espectadores. Assista aqui esse filmão. Aviso NSFW

As Idades de Lulu - Não posso dizer que gostei, me esforço para tentar entender a provocação. Talvez, no começo dos anos 90 esse tipo de afronta ao casamento burguês ainda fosse realmente aviltante. Lulu, tal qual uma Alice devassa cai em uma surreal espiral de sexo. Francesca Neri é um tesão realmente, e Javier Bardem, em um de seus primeiros trabalhos, se mostra sempre entregue e intrépido em sua interpretações. Quer assistir esse filmes? Clica aquiAviso NSFW

Shame - Não só o sexo de Brandon que causa apreensão na platéia, é sua irmã bêbada que transa com um homem casado; seu chefe e amigo que trai sua família como se nada fosse. O sexo filmado por Alexander McQueen é gelado e pálido como a Nova York invernal que Brandon mora. Na única oportunidade que a vida dá a Brandon de estabelecer um vínculo afetivo ou algo mais significativo que uma simples foda ele broxa. Brandon é incapaz de cometer qualquer sexo que não seja sórdido. E não se trata de escolhas; ele não tem como escolher, tem apenas que lutar ferozmente contra esse impulso destruidor que carrega dentro de si e isso faz a cena final ser tão angustiante e, para mim, pessimista. Fica com o trailer

O Tarantino é um devasso.

Oro a Deus para que minha Avó nunca veja esse post...


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