30 de junho de 2012

Macho Man Parte II

Macho by M.I.A. on Grooveshark
Então, vamos a mais uma dose de testosterona setentista? Sem grandes elucubrações vamos saborear mais uma seleção de filmes para machos feitos na década do pelo no peito. 
Alguns marcos estéticos desse tipo de filme: os carros enormes feitos em Detroit; os atores feiões e sem retoques; a absoluta descrença na lei e democracia;  os 3 oitão e espingarda;    cenários interioranos ou urbanos filmados sem firulas com iluminação meio pálida e suja. Essa estética só pode ser definida como cafajeste.
Esses filmes sempre me lembram os velhos e maravilhosos games  beat 'em up. O subgênero me atrai primeiramente pela crueza, sujeira e opacidade da estética setentista. E, principalmente, gosto da audácia temática mesmo que não explícita. 
O macho sempre esteve em crise, não é de hoje, é de alguns milhares de anos. A diferença é que agora aceitamos a crise, há poucos séculos praticávamos o genocídio feminino.
Vamos aos filmes.

Amargo Pesadelo - O homem contra as forças da natureza; o homem enfrentando as consequências das forças de sua própria natureza. Só pela cena do estupro - que duvido muito ocorreria na cinema estadunidense atual - e do desafio de banjos já vale a audiência. A linha que separa o civilizado do bárbaro é medida pela vontade de sobreviver. Sem contar que temos um dos machões alfa da década: Burt Reynolds. A fotografia é bela e ajuda a demonstrar a vilania que a natureza representa ao iludido grupo de amigos acostumados com o ambiente urbano. Não podemos deixar de pensar no risco que esses "moços da cidade" representam à comunidade que ira desaparecer para dar lugar a uma usina hidrelétrica. E essa violência que brota dos homens, deixando cadáveres afundando em rios, deixa cicatrizes permanentes em quem viveu o trauma. Assista o filme aqui.

Lutador de Rua - Charles Bronson é uma rocha, qualquer expressão facial que ele emita sai faíscas. A metáfora é valida: em tempos miseráveis lutar com todas as forças é o que resta ao individuo que quer sobreviver. Em tempos de dureza, para quem não tem cerébro resta os punhos para abrir caminho no mundo. O primeiro trabalho do grande Walter Hill ao trazer a época da Grande Depressão à tela é muito competente, e a costumeira simpatia e sorriso rasgado de James Corburn é marcante. Gosto das lutas em filmes antigos: secas, feitas de punho e sem aquelas pirotecnias e balé. Se quiser ver esse grande filme clica aqui.  

Fibra de Valente - Buford Pusser é a versão meio-oeste, pai de família, do Dirty Harry. Um dos temas mais caros aos estadunidenses é o cara comum, na fronteira da colonização, que se levanta sozinho contra as mazelas do lugar. Essa película é facilmente uma das mais violentas da década mesmo sem ser explícita. Os realizadores não se intimidaram em dar tiros na testa de mulheres ou matar esposas. Um justiceiro tem de se levantar, botar a estrela dourada no peito e partir para cima dos vagabundos. Porém, a luta contra o crime organizado é altamente arriscada e tem que ser macho para aguentar as consequências. Um filme que o finado Alborghetti devia adorar. Dá uma olhadinha no trailer.

Comboio - Nossa, filme de caminhoneiro exala testosterona. Estradas poeirentas, policiais corruptos, perseguições infindáveis, brigas de bar, os trabalhadores unidos contra o estado, bigodões, Sam Peckinpah detonado de álcool e drogas, um mundo desértico e um horizonte infinito. Outro patrimônio machão da década, Kris Kristofferson, protagoniza a fita. Um adendo para a linda Ali MacGraw. O filme obteve um sucesso a época dando um último folego na carreira de Peckinpah. Quer assistir esse belo filme? Clica aqui.

Os Implacáveis, Fuga Perigosa - Putz, que filmão! Fácil um dos meus Peckinpahs favoritos. A cena do Sr. e Sra Mccoy no primeiro dia de liberdade se jogando no rio do parque é simplesmente poética e genial. No fim das contas, Os Implacáveis é a estória de um casamento em crise se firmando com o acréscimo das dificuldades. Traição, cadeia, infidelidade feminina, violência doméstica (escolheram o cara certo para isso, Steve McQueen), assalto a banco, fuga alucinada e México. As clássicas cenas lentas de tiroteio de Peckinpah pululam. Filmaço! Fique com o trailer.

Galo de Briga - Warren Oates (um dos atores estadunidenses mais feio e machão) interpreta Frank Mansfield, um obsessivo instrutor de brigas de galo que cruza o país atrás de combates e apostas com os animais levando uma ninfetinha loirinha a tiracolo. Ele é tão macho que para conquistar seu objetivo abre mão do amor de sua vida e de sua enorme boca aberta. Ele se recusa abrir a boca até ganhar um campeonato. Detalhe, as brigas de galo apresentadas são reais...dá uma certa culpa por gostar tanto desse filme, porém Hellman denuncia o esporte e nos assusta com os sangrentos olhares de satisfação do público - o das rinhas e o de cinema. Belíssimas cenas contemplativas, a América profunda bonachona e sangrenta. Um filmão. Dá uma olhadinha no belo trailer.


Tarantino é macho...mas manda flores no dia seguinte.


Para minha Vovó macho mesmo é quem vai aos cultos na igreja de terça a domingo.

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