8 de julho de 2011

Rockabilly in the movies Parte II



Descobriu-se que tudo teve origem numa explosão cósmica. Começou a Era Atômica, cá está a bomba H. Agora o ser humano tem um código. Órgãos mudam de corpos conforme a necessidade. Laika in the space with diamonds. O espaço sideral é um barato. A Europa começa a se reerguer de escombros. As peças da Guerra Fria começam a se posicionar. Tanques de guerra nas praças de Budapeste. US Marines desembarcam na Coréia que iria rachar. Tropas israelenses marcham para Gaza e Sinai. Os últimos resquícios do nojento colonialismo europeu derretem. Os negros ainda sentam nos fundos do ônibus. O exército tem de garantir a permanência de poucos alunos negros na Little Rock Central High School no Arkansas. Os brancos amontoam negros nas favelas de Joanesburgo. uma voz heroica começa a ecoar: Martin Luther King. Pelas ruas, o ápice da moda feminina, nunca mais superado em elegância e verdadeira sensualidade. Namorar no escurinho do cinema ainda era grande coisa. Topetes, milk-shakes e drive-ins. Criou-se a mais bem acabada e exportável síntese da cultura estadunidense que iria durar até hoje anunciado como um Éden perdido para todo o mundo: American way of life. Gene Kelly cantava na chuva no melhor feel good movie da História. As polegadas a mais no quadril de Marta Rocha. Uma caixa de luz começa a habitar as salas de todos os lares. Jack Kerouac pôs os pés na estrada. Jânio Quadros proíbe o Rock 'n' Roll. Finalmente colocam as mãos na Jules Rimet. Bossa, temos Bossa para exportar, Bossa para todos. O Senador Joseph McCarthy inquisidor. O medo reina. As pernas, o sorriso, o olhar de Marlyn Monroe. It's great to be young: no mesmo palco você vê Fats Domino, Jerry Lee Lewis e Buddy Holly. Os Teddy Boys e o Ed Sullivan. Os jovens da Rua Augusta e de Notting Hill. Barbudos marchavam por Havana cheios de promessas. The Goons provocam risadas incontroláveis em quem os escutam pelo rádio.
Os Anos Dourados. Os Anos 50.
Mais uma seleção de filmes que homenageiam o espírito da década feitos no calor do momento ou a posteriori como homenagem. Vamos a eles. 

Betty Page - Contradição é a palavra. A nação que produz incontáveis tonelada das mais loucas pornografias a combate e condena com a mesma energia. Uma estonteante e graciosa mocinha do interior muito bem resolvida com seu corpo apesar de uma criação familiar abusiva e a criação religiosa opressiva. Pin-Up, mulher cartoon, mulher de papel pronta a realizar seus desejos mais secretos, mulher que lhe captura inadvertidamente ao primeiro olhar. Gretchen Mol é um arraso (em todos os sentidos).

A História de Buddy Holly - Pena um bom filme como esse ser tão pouco comentado. O destaque vai obviamente para atuação de Gary Burey como Buddy holly. Sem dúvida, quando o avião caiu no milharal Albet Juhl e matou J.P. Richardson, Ritchie Valens e principalmente Buddy Holly, a música morreu junto. O primeiríssimo mártir do rock é um daqueles caras que nasce a cada milênio e chacoalha o planeta. Belo filme. 

A Fera do Rock - Antes de ser o primeiro clichê do rock, Jerry Lee Lewis foi o primeiro incendiário do ritmo. Lewis elevou a já alta temperatura do rock a níveis solares. Wynona Rider é musa. Jerry cumpriu seu papel, mesmo não tendo "cabeça" para conquista o mundo tinha músculos para virar lenda e ficar com sua garota (mesmo que ela tivesse 13 anos e fosse sua prima). O rock deveria ser feito por caras assim: incansáveis em sua rebeldia (com ou sem causa), escandalosos e quentes. 

As Sementes do Mal - Não é só por ser o primeiro filme de estúdio grande a usar rck'n'roll na trilha sonora e por ter o Sidney Poitier em início de carreira que está em nossa seleção. Adiantando temas que seriam abordados sem vigor em trabalhos como Mentes Perigosas e de forma cuidadosa e relevante com em Entre os Muros da Escola, As Sementes do Mal trata do assunto que mesmerizou a década de 50: essa nova espécie da fauna, o adolescentes. Jovens periféricos de megalópoles que não terão um futuro brilhante mesmo que se esforcem muito. Pobres, imigrantes/emigrantes, deliquentes e muito mal visto vandalizando e mandando na instituição de ensino que frequentam. "O" campo de batalha contemporâneo: as salas de aula. Lembro dos meus anos de escola...

A Gang da Pesada - Trata sobre o fim de uma geração. Essa molecada perdida nas ruas vai enfrentar tempos muito piores pela frente: o crime vai se organizar cada vez mais; a guerra num país do sudeste asiático está chegando; a morte de um presidente querido televisionada ao vivo; as namoradas engravidam e a música já não é mais aquela. no mesmo ano de The Warriors saiu essa outra pérola (tem sim seus problemas de ritmo ainda sim é um bom filme) sobre o universo das gangues de Nova York no começo do anos 60 que não perceberam o fim da era topete e brilhantina...os cabeludos estão chegando. 

Os Cowboys de Leningrado vão para América - Mas onde está o Rockabilly? Em cada fotograma do filme, e não estou falando dos topetes monstruosos. Uma maravilhosa comédia surtada ou um estudo sobre o totalitarismo cultural estadunidense? Os dois e muito mais. Penso nesse filme como sendo um irmão de Isso é Spinal Tap, muitos o consideram superior a Blues Brothers, se é melhor não sei mais é incrível. Participação de Jim Jarmusch como sucateiro vale um ponto a mais. Percebe-se a origem nórdica do filme pela frieza em cada quadro mesmo tendo um coração pulsante que é o hilariante (involuntariamente) e mão de ferro empresário da banda Vladimir. Ele vale o filme. 


Tarantino já pensou em colecionar Cadillacs, mas decidiu colecionar jogos de Play 3.


Minha Vó acha que os namoradinhos só davam mãozinhas e dançavam no bailinhos dos anos 50...inocência é uma benção. 

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