15 de outubro de 2010

A boa e velha piada

Como bem disse Marcelo Madureira: “O humor é uma bobagem”. Sinceramente, para mim, sem o humor a vida seria uma bobagem. 
E para nós contemporâneos, cada vez mais esfolados pelo humor extremo (e não poucas vezes o humor de extremo mau gosto e burro), peças de humor cinematográfico que poderiam parecer empoeiradas e dignas de um museu sem graça se mostram necessárias, causadoras de sonoras gargalhadas e de uma atualidade surpreendente.
Vamos conhecer (para quem ainda não está familiarizado) os verdadeiros pais da piada. A sensação de já ter visto isso antes não é de toda estranha, afinal esses mestres foram emulados das mais diversas maneiras e nas mais diversas mídias (de desenhos animados aos videogames). Mas vamos parar por aqui, explicar a piada é péssimo. Aos filmes.

Em Busca do Ouro – Comer o sapato velho cozido, milhares de vezes imitado. E a cena dos pãezinhos!? Arte em estado bruto. Chaplin é um poeta da fome e da desigualdade, sua arte é a comédia dramática. Agradabilíssimo de ver, mas no final fica aquele gosto amargo.


A General / Sherlock Jr. – Buster Keaton era o cara. Disputava a vaga com Chaplin de humorista de sua geração, para a posteridade perdeu, mas levou o posto de enorme comediante. Sua arte é a comédia aventura e para tanto criou cenas impressionantes e perigosas (me perdoem os fãs de Harold Lloyd, mas sou mais o Keaton). Como um reducionismo de vez em quando não diminui grande obras A General é no fim das contas um incrível game de plataforma (Super Mario que o diga) que na fase final tem de salvar a mocinha. Sem falar de como a Guerra de Secessão é representada de maneira originalíssima para época da gravação. 

E o Sherlock Jr tem umas sacadas impressionantes como quando ele foge do covil dos bandidos. E o final da película te arremata estampando um sorriso na sua cara. Não dá para deixar de pensar em como um Roberto Begnini bebeu e muito dessa fonte, até o cabelinho vem daqui...



Uma Noite na Ópera – Um dos meus filmes de cabeceira, melhor que Lexotan. Os irmãos Marx são a síntese da transição do cinema mudo para o filme falado (vide o personagem de Harpo em contraste com Groucho). Eles sacaram com genialidade que não era mais possível um humor apenas físico. Groucho, a metralhadora de ironias e gags, é o pai artístico de Woody Allen e, por que não, o avô do Dr. House. A cena da cabine é antológica e ainda impressiona. Para ver a cada dois anos.

Quanto Mais Quente Melhor – Um minuto de silêncio para Marilyn Monroe passar... Já vimos um zilhão de números de homens travestidos de mulher para fazer graça, mas a dupla Jack Lemmon (meu preferido) e Tony Curtis é imbatível. Sim sim, o final é genial, eu sei. 


O Terror das Mulheres – Aquela velha história, adorado na França, esquecido em seu país. O pai artítico de Jim Carrey fez nesse filme uma trama encantadora e divertidíssima. As cenas da mãe de Herbert e da cama que afunda são ótimas. Seu trabalho de diretor ao filmar essa encantadora casa de bonecas gigante é muitas vezes primoroso, bem como as cores do Technicolor. O tempo passa voando ao ver o filme, o que é bom dura pouco.

Um Convidado bem Trapalhão – O pai dos Monty Pythons é um gênio. Seu sotaque indiano é ótimo. São tantas gags e piadas imperdíveis, mas para mim a cena do papel higiênico é histórica. Seu trapalhão é absolutamente encantador e o filme tem ainda todo o clima swinging sixties que não te deixa parar de assistir. Vai dizer que você não queria estar nessa festança.


Tarantino se considera um piadista de mão cheia. E considera o Hitler de seu Bastardos o cara mais engraçado da Segunda Guerra. 

Minha Vó ri até a barriga doer quando vê o Jerry Lewis fazendo careta.

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