10 de setembro de 2010

Richard Gere Cult




Existem pré-disposições cinematográficas. Para boa parte dos que apreciam a sétima arte o nome Richard Gere impõem um pensamento de dúvida existencial "Será?". Dessa dúvida só se salva o arrebatado público feminino. Às vezes a presença do ator é um fator determinante para a escolha de apreciação de um filme (Ah! essa maldita raça de cinéfilos paulistas, tão presos ao Belas Artes, tão longe do Paraíso...). 
Ok vá lá, não que esse senhor seja um Brando, Chaplin, Ledger ou Felipe Torres. Longe disso, mas ele tem seus méritos. No caso apontado, considero seu maior mérito a inteligência para escolher, por vezes, bons filmes. Bons não, incríveis. Esse dedo bom para escolha se soma a seu bom gosto cinematográfico, que diga o seu adorado Kurosawa. Todos fazem maus trabalhos na vida, uns mais, outros menos, mas sempre há algo que salta aos olhos. Tenho certeza que qualquer ator daria o braço direito para estar escalado em qualquer um dos longas apontados abaixo. E não, não vai rolar Rapsódia em Agosto, fica para uma próxima.
Deixa de chatice com o Gere, coloca o disco na bandeja, aperta o play e se prepare para uma belíssima sessão.    


As Duas Faces de um Crime - Dos melhores filmes de tribunal já feitos. Um final acaixapante. Richard Gere carrega o peso do mundo nas costas, uma cena memorável. Sabe aquele filme que se justifica por um grande final, não é o caso, pois todo o filme é ótimo. Vai num crescendo e arrebenta. Martin Vail vai precisar aprender uma lição, ele que já sabia tudo vai entrar em um caso que vai deixá-lo sem defesas...

E a vida continua... – Em um papel humilde Mr. Gere ao pouco falar, transmite toda a incerteza das primeiras vítimas da AIDS. Esse filme é muito sagaz ao tentar mapear o terreno pantanoso que foi a descoberta e os primeiros anos de ação dessa doença. Uma década em que a festa tinha de acabar, as caixas de sons tinham de calar e amar tinha de ser diferente. Um interessantíssimo retrato de época. Estranho, parece que se foram tantas décadas, foi anteontem que o mundo mudou e ontem mudou mais ainda.

Dias de Paraíso – As mãos que construíram a América, os pés que traçaram suas estradas e uma nação se formando nas veias abertas da terra e do povo que a habita. Terrence Malick sempre coloca o homem como coadjuvante do mundo natural, este sempre parece deslocado no meio da natureza. Essa imensidão natural mostra uma beleza que ainda dava nítida impressão de estar à disposição para descortinar-se. Mas o homem não pode ver nada intacto, há o que se modificar. O trator no meio da infinita pradaria, o tiro em meio ao bosque sem fim, o grito a beira do rio cinza. A natureza prevalece, apesar de todos nós, ela prevalece.

A Caçada – A atuação que mais gostei de Seu Gere até hoje. Seria memorável se a motivação de Simon Hunt à trama não fosse tão exagerada e melodramática. Guerra é um inferno, só isso. E mesmo depois do armistício os demônios ficam a solta. Cicatrizes nunca fecham. Há sempre leões maiores, os cordeiros não têm para onde correr. E a farsa dos órgãos internacionais: não viram, ouviram ou falaram nada. Sim, o jornalismo não deve se calar...

Tarantino daria um papel de um travesti cigano que mata as pessoas com um martelo ao Richard Gere...veremos...

Minha avó acha ele um pão.



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