O menino e a menina estão na lanchonete conversando. Tiradinhas espertas de um de outro. Pinta o clima. Vai beijar. Ai... O cara sobe na mesa, chuta o hambúrguer e começa a cantar e dançar como se não houvesse amanhã. E não, as pessoas em volta não começam a xingar ou atacar o moleque, eles sobem nas mesas e seguem o mestre. Pois, afinal, no mundo mágico do musical os relógios param e a gente tem todo o tempo para ser feliz e rolar de alegria com nossas vozes afinadas.
Todo mundo tem seu gênero cinematográfico menos apreciado: tem gente que não agüenta tiros e explosões na tela; tem gente que não gosta de câmeras paradas e falas existencialistas; têm outros que não suportam corpos nus e gemidos e tem gente que não gosta de nada filmado fora de países de língua inglesa. Eu, particularmente, me encanto com a arte cinematográfica, toda ela, e muito. Ainda sim, cantar e dançar um enredo é a forma que mais me incomoda na representação. O musical não me impõe respeito como gênero. Óbvio que se não compramos a idéia de uma obra, dificilmente ela terá uma sobrevida para além de nossas retinas. No meu caso com os musicais, eu não consigo comprar, no geral o custo não compensa pelos benefícios apresentados. Não compro, mas experimento. E seleciono algumas peças não tão enjoativas para meu paladar. Mas não vou negar, me diverti com esses filmes.
Preste atenção aos filmes selecionados que amargam um pouco o açucarado mundo dos bailantes. Chute o hambúrguer e dance.
Cantando na chuva – “O” feel good movie por excelência de todos os tempos. E ainda é pouco. Até hoje insuperável em simpatia e mise en scène. E uma das mais belas homenagens já feitas à indústria do cinema. Meu filme de cabeceira. Mais efetivo que prozac-rivotril-clonazepan. Impossível não acabar a sessão com um sorrisão na cara.
Dançando no escuro – A subversão do cânone. “Nada de horrível acontece nos musicais”, Selma diz. Mas por mais que ela sonhe a vida dela não é um musical, a vida de ninguém é. Uma palavra B-JORK. Belíssima interpretação. Dilacera o coração. As cortinas fecham. Silêncio enfim, silêncio eterno. Quanto tempo demora a cair uma lágrima? O Estado precisa de lenha para queimar, essa lenha são os fracos que o constroem. Esse filme é uma canção triste, a mais triste que você já ouviu.
Cabaré – Amanhã o fim de tudo. Hoje uma noite no Kit Kat Klub. A última chance para amar loucamente, para sonhar com um mundo de luzes e aplausos. Todos sentem que fora do Cabaré o mundo começa a cair. Mas whathell, life is a cabaret!!! Liza Minelli linda, linda no papel de sua vida. E Joel Grey, então!?
O Show deve continuar – Bob Fosse de novo. O réquiem de uma geração. O fim dos loucos anos 60-70. O show não pára, nem quando a vida pára. Os fascinantes bastidores dos musicais. Um belíssimo último ato. Roy Sheider brilha no último numero uma bittersweet symphony arrepiante.
Across the universe – Bem...Beatles. Difícil errar. Os números interpretam com simpatia e criatividade as músicas dos ingleses. E como diria o impávido José Wilker: “É um filme jovemmm, um elenco jovemmm, um figurino jovemmm. Um belo filmeee”.
Todos dizem eu te amo – Um musical com grife. O Woody presta sua homenagem desbragada ao gênero sem sair nem um milímetro de seu próprio estilo. E é inegável o quanto os números musicais diminuem a força da película, chegando a envergonhar, como no numero do velório. Mas as características da marcas WA estão lá: ironia pipocando; Nova York linda; desamores; erudição e a neurastenia encantadora de Woody Allen em seu eterno papel.
Fred Astaire e Ginger Rogers sapateiam em nuvens brancas por esses filmes.
Tarantino não curti musicais...
Tarantino não curti musicais...
Minha Avó acha lindo, mas dorme na segunda música.
concordo com tarantino, tbm nao sou fa de musicais, me dao preguica!!! rs
ResponderExcluirmas na sua lista eu acrescentaria dois: os guarda-chuvas do amor que é simplesmente lindo! e o meu amado tim burton em seu barbeiro sweeney todd... rs! bjs, shooshoooooo ta arasando, como sempre! :)