20 de julho de 2012

Financial Times

The Working Hour by Tears for Fears on Grooveshark
Será os ternos e os olhares baços? Deve ser as palestras motivacionais e os profissionais de recursos humanos. Ou será o gosto pela cocaína e garotas de programa de luxo? Talvez seja a falta completa de demonstrações de emoção, os ambientes acéticos, o gosto cultural coxinha. 
Não, com certeza é o fato de lidarem com um poder brutal que não sabem exatamente de onde emana e nem para onde vai. Culpa daquelas malditas tulipas holandesas. 
Devemos temê-los pois são pessoas que entenderam as engrenagens da máquina e tem coragem e paciência  para lidar com elas diariamente e ao seu prazer. Eles desfrutam do bônus e nós lidamos com o ônus.  
O profeta Gessinger já havia interpelado na terceira do plural: "Quem são eles? Quem eles pensam que são?". 
Em comum, os filmes de nossa seleção carregam um alto grau de belicosidade. Filmes sobre a guerra monetária que vem deixando milhões de vítimas nas últimas décadas. A artilharia monetária vem de todos os lados e só quem é muito inocente não espera pelo fogo amigo. Pouquíssimos sobrevivem, a recompensa é gigantesca, mas o tempo para usufruí-la é nulo.
Aos filmes...


Margin Call, O Dia Antes do Fim - Não é a propaganda, é a informação que é a alma do negócio. E um dia antes do apocalipse que tiver a valiosa informação sobrevive. Dependendo do quê e quem sabe - e em qual momento se sabe - o possuidor do conhecimento é descartado ou alçado ao céus. Kevin Spacey lembrando muito sua interpretação em Sucesso a Qualquer Preço. Jeremy Irons (adoro esse cara) está ótimo, quase canastra, sendo asqueroso e predador. J. C. Chandor, em seu primeiro longa, impõem um clima opressor e urgente de fim de mundo que funciona. Fique com o trailer.


Grande Demais Para Quebrar - As crises sistêmicas são muito importantes para dar cor aos homens invisíveis, aqueles que puxam as cordas da economia. O filme de Curtis Hanson é conduzido em tons de guerra - diferentemente das outras produções sobre a crise de 2008 que transpiram sensações apocalípticas. As batalhas são travadas em salas de reunião a canetadas que desferem mais dinheiro que qualquer ser humano normal possa imaginar. O final é de um desalento amargo. Fique com o trailer.


Trabalho Interno - Então a culpa da crise da década é da Islândia!?!? É sempre bom ver os rostos e saber os nomes dos safados. De pronto saiba que o filme de Charles Ferguson te tira qualquer esperança: os responsáveis não só continuarão a andar de iate e jatinho como assumirão postos de vital importância, independentemente de sua profunda incompetência. O que é sólido sempre desmancha, o que nos dá segurança está sempre pronto a ruir. A lista de entrevistados pelo diretor Charles Ferguson impressiona. A defesa de tese de Ferguson é elegante e incisiva, e sim carrega todos os problemas recorrentes de um documentário. De acadêmicos e cidadãos comuns à tubarões de Wall Street ninguém se salva da tentação do enriquecimento enlouquecido e imerecido. Fique com o trailer.


Trocando as Bolas - Se economicamente a década de 80 foi perdida, a década de 2010 será mais ainda. Talvez não para nós brazucas só que o pessoal do estrangeiro vai sofrer. Eddie Murphy já foi bem engraçado assim como Dan Aykroyd. Esse filme tem um quê da era de ouro de hollywood, talvez por ser uma adaptação da obra de Mark Twain e pela direção do grande John Landis que insere Trocando as Bolas no continuum de outras de suas obras como Irmãos Cara de Pau e Um Príncipe em Nova York. Fique com o trailer.


Wall Street, Poder e Cobiça - Aquelas Torres Gêmeas orgulhosas do começo do filme já indicam que os tempos mudaram. Um filme que brilha na filmografia estranha de Oliver Stone. Podemos encarar o filme mais como um relato de época do que uma grande peça artística. Quanto é o bastante? Para Gordon Gekko o prêmio não basta, o interessante é jogar o jogo e ganhar sempre e mais. Aliás, essa é a atuação mais marcante da carreira de Michael Douglas. A trama é mefistotélica, quase todos estão disposto a vender a alma pelo preço que acham justo. Nessa época Charlie Sheen ainda tentava atuar e até manda bem.  A cena em que Budd Fox entra triunfante no escritório e sai chorando e algemado é incrível. Uma menção a trilha sonora do David Byrne. Fique com o trailer


As Loucuras de Dick & Jane - Se não se tem estomago para encarar as jogatinas financeiras pelo menos que haja senso de humor. Refilmagem esperta de Adivinhe Quem Vem Para Roubar, o filme de Dean Parisot ancora sua crítica inspirada no caso de sacanagem corporativa da Eron que deixou muito estadunidense sem direito ao seu gramado e piscina no subúrbio - enfim, uma tragédia. A cena em que Dick tenta atravessar a fronteira do México para os USA e a cena do banho no sprinkler do vizinho é rir até chorar. Quer assistir e dar boas risadas? Clica aqui.


Tarantino investe sua grana em ações da indústria cervejeira.


Minha Vó investe na compra de arrobas de commodities que irão engordar seus filhos e netos no almoços de domingo.

2 comentários:

  1. Gostei de Wall Street, Poder e Cobiça , e da continuação tbm.
    Trocando as Bolas é muito legal! sinto falta dos filmes com o Dan Aykroyd, cresci rindo dos seus personagens, como em Clube dos Pilantras 2 e dos Caça Fantasmas é claro!
    Sempre que vejo o Dan Aykroyd lembro do Chevy Chase!!!

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  2. Putz, pode crer Silvio. E do Chevy Chase é muita saudade. Preciso falar sobre férias frustradas um dia. Mas toda essa geração do começo até o meio dos anos 80 de comediantes que surgiram no SNL foi incrível...Valeu pelo comentário.

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