1 de julho de 2010



Carnivàle: Fantástico Realismo
Aridez no chão e no coração. Sem o pão, quem lhe estende a mão é irmão. Caminhamos no deserto em meio a profetas e milagres. Quando ninguém sonha com filosofias as coisas surgem entre o céu e a terra. Onde mais poderia surgir a salvação de anjos e demônios senão num tempo seco, numa terra rude e de horizontes inacabáveis. No fim, os bons estão na caravana do circo de aberrações e protegem a flor dos milênios. 
Bem, nem todos, há os que são encantados por sermões divinos e não prevêem o tiro que levarão pelas costas. Como ser um messias impecável na terra em que se vendem filhas e netos por dinheiro ou por qualquer coisa que valha. Um império, que romperia os céus em 30 anos, assentado em ossos de povos de toda a terra. Uma nação que teria em suas mãos todos os selos do apocalipse para queimá-los em um flamejante e colossal cogumelo. No deserto encontramos todo o mal que se irá combater no velho continente. A caminhada para o oeste, sempre o oeste. Uma narrativa sobre a fundação de uma nação, mais uma (muito ao gosto do imaginário estadunidense). Em suma, o mito de fundação precisa ser revisitado numa nação que esta a beira de se despedaçar.
Eu adorei o realismo fantástico dessa série, bem como a justeza da proposta: a luta entre o bem e o mal, mesmo que esses lados da batalha se entrecruzem ao longo da peleja. Não se deixe assustar pela total antipatia do casal de protagonistas, os coadjuvantes vão te compensar com belíssimas histórias. Essa série lembra e muito as séries da Vertigo (o que é um baita elogio). E o que dizer das fantásticas pregações do Brother Justin (de dar inveja à maioria absoluta dos “apóstolos” e dos ditos “bispos”). 
A cartela de cores escolhidas nos leva imediatamente a lembrar das sépias e fotos antigas guardadas em fundos de armários. A câmera sempre se afasta para mostrar o ermo, o deserto e o vazio que cerca e oprime a todos na Grande depressão. Claro que a série poderia dar muito mais do que isso. 
Em somente duas temporadas os roteiristas demonstraram total domínio da narrativa e deixaram um gosto na boca de quem assistiu de que muito mais viria pela frente. Pena, acabou antes da hora, faltou. Mas deixou grandes imagens aterradoras e por vezes sublimes em nossa retina. Uma série sem pressa de caminhar, de construir concreta e progressivamente as situações e os personagens em qual irá se assentar. Diferente do que se diz não é uma série difícil, exige paciência, mas recompensa e muito quem a acompanha com afinco.


Tarantino assistiu e achou legal...


Minha Avó dormiu no segundo capítulo...

3 comentários:

  1. rapa cê ta ficando bom nisso viu!

    vou falar como baiano de verdade.

    ta ficando retado de bom!

    heuheue
    bom demais!

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  2. grande série, mas o que manda é a audiencia não foi muito bem aceita pelo publico americano, mas sem dúvida muito interessante vale a pena baixar.

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  3. Um dia zapeando depois da night na alta madrugada, dei de cara com essa série no sbt, acho. Não consegui parar de ver. Mesmo sem conhecer os personagens ou o enredo fiquei colado na tela. As imagens, diálogos, cores, direção, atuações, etc. Tudo especial e diferente.

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