23 de março de 2012

Boletim Escolar

Dont Forget About Me by Simple Minds on Grooveshark
A Escola é o inferno, e só quem não a frequentou ou entrou e saiu de lá sem ter entendido nada - e não estou falando de matéria na lousa - poderia desmentir. 
Após 11 anos sombrios trancafiado dentro dos muros e corredores do sistema educacional estadual de São Paulo - dos quais eu fugi inúmeras vezes - tive de endossar ideais de Roger C Shank: "as escolas fazem mal aos estudantes". No caso de nosso Brasilzão num esforço monumental e em conjunto de milhões de adultos responsáveis por arquitetar e aplicar a boa educação dos brasileirinhos nos últimos 40 anos serviram para cimentar a perdição intelectual de milhões. Parabéns a todos os envolvidos, quem sabe no inferno vocês não encontrem um bom professor.
Já faz algum tempo todo mundo percebeu que a escola (estenda-se a faculdades, pós-graduação e etc.) serve para conter alunos minimamente espertos que tentarão perceber da forma mais rápida de agradar os mestres para sair logo de lá misturados a alguns delinquentes e futuros psicopatas. De forma nenhuma o ensino como conhecemos em nosso cenário atual fomenta e incentiva interesses, só serve para criar sonhos que talvez tenham possibilidade de acontecer após o diploma.
E o cinema com isso? Veremos...

Bem-Vindo à Casa de Bonecas - A escola é uma caixa cheia de crueldades. Todd Solondz é o manipulador mais cruel do cinema? Seu público fiel é masoquista com certeza. Quem pode bate, e bate para machucar. Dawn é tão vítima quanto algoz. Ela só está no lugar e hora errada pois se pudesse massacraria os losers com a mesma virulência que é atacada. Dawn não é a barbie cheerleader que todos gostam de elogiar a beleza. O final do filme me deixa arrasado: Dawn não se redime ou se revolta, ela só aprende que o mundo a sua volta é assim - machista, preconceituoso, intolerante ao indiferente e extremamente violento com quem não se adapta ao "modelo". Fique com um amostra aqui.

As Melhores Coisas do Mundo - Um filme simpático. Talvez tenha arrancado tantos elogios rasgados e, obviamente, detratores ferrenhos pois nosso cenário cinematográfico tupiniquim explora bem pouco cenários escolares. É sempre bom reconhecer SP na telona. Os Beatles estão, ainda, entre a molecada para salvar de bandas bundinhas que insistem em pipocar. Os diários caprichosamente preenchidos a caneta de segredos impublicáveis ainda persistem perante os twitters. Crescer dói é confuso e a escola complica muito mais o processo, o Mano vai sacar isso. Até o Fiuk está esforçado. Quer assistir? Clica aqui

Entre os Muros da Escola - Se há alguma ficção em longa metragem que se pareça minimamente com a guerra que vivi por 11 anos nas salas de aula esta é Entre os Muros da Escola. Uma Torre de Babel interesses onde ninguém se entende e, portanto, não se consegue chegar a qualquer conclusão que auxilie os aprendizes a moldar seu destino. A tensão na sala de aula é contínua e explosões são inevitáveis e, as vezes, a coisa fica bem feia. Os professores erram bastantes, os alunos idem, e perdoar é bem difícil. A França está miscigenando e não tendo a menor ideia de como lidar com isso. As salas de aula viraram um dos principais campo de batalha. O interessante é que nesse assunto Brasil e França se assemelham. Absolutamente imperdível. Uma amostra grátis. Aqui

Pro Dia Nascer Feliz - Eu ainda me pergunto: será esse o filme mais triste que já assisti? O nó na garganta continua. E o pior é que eu estive no meio desse genocídio moral e intelectual. Não há ministro da educação na História desse país que pode abrir a boca para dizer que fez algo digno de nota. Num trabalho de esforço mútuo e longevo conseguimos transformar a "educação" de nosso país em uma piada. Claro, o trabalho de João Jardim tinha muito a abraçar em pouco tempo, porém, eu considero que a amostragem da situação da educação nacional foi de alguma maneira contemplada. É pra ver já. Quer assistir? Clica ai

Clube dos Cinco - Assim como Shakespeare inventou o humano em todas suas nuances, John Hughes inventou o adolescente em todas suas facetas. Os cinco castigados surgem para nós como categorias fixas e a evolução que sofrem no decorrer da trama conforme se expõem é notável. Hughes conseguiu me atingir em cheio, me aflige não saber como esses cinco personagens reagiram um ao outro na segunda-feira seguinte. A citação a Bowie no começo do filme arrepia. Um clássico absoluto. Para ver um pouquinho aqui

Curtindo a Vida Adoidado - Um cult até a medula. Daqui 40 anos ainda falaremos desse filme. Hughes conseguiu criar um dos personagens mais legais da História do cinema. Ferris tem nossa anuência de pronto por nos colocar lado a lado em suas aventuras. Tudo que envolve Ferris Bueler é legal: ele ouve Cabaret Voltaire e Simple Minds, sua namorada (Ah! Mia Sara), seu quarto, seu amigo, até a cidade fica melhor com ele por perto. Como eles me fizeram uma cena tão triunfal quanto aquela da Parada? Quem nunca teve seu dia Bueller? Quem nunca cabulou a maldita escola para fazer algo que prestasse? Um filme tão cool que tem a ilustre presença de Charlie Sheen. Um dia falaremos mais sobre essa pérola. Você tem que assistir. Clica logo...

Tarantino era legal demais para aprender algo na escola. A locadora mais próxima formou seu caráter.

No tempo da minha Avó que a escola prestava: palmatória, meninos e meninas em escolas separadas, crucifixos, caneta tinteiro, farmácia com ph, borracha com miolo de pão, criacionismo. Perdemos o paraíso.  


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