19 de agosto de 2011

Visões de um futuro imperfeito parte III



"Após a rubra luz do archote sobre suadas faces
Após o gelado silêncio nos jardins
Após a agonia em pedregosas regiões
O Clamor e a súplica
Cárcere palácio reverberação
Do Trovão primaveril sobre longínqua montanhas
Aquele que vivia agora já não vive
E nós que então vivíamos agora agonizamos
Com um pouco de resignação."
T.S. Eliot - A Terra Desolada - V. O Que Disse o Trovão

Eu enxergo nesse fascínio pelo apocalipse de algumas pessoas (das quais me incluo) um desprezo pela normalidade. Pois sejamos sinceros, desde muito pequenos entendemos a noção de término, por mais que doa, e vivemos com a certeza de que mais menos hora tudo isso aqui vai findar. É como se já estivéssemos preparados para o fim e guardássemos nesse fato uma esperança de alguma justiça divina/natural. Quanto a continuidade, e dia pós dia e nada, geração pós geração e nada de justiça ou coisa que o valha. Isso revolta o estômago de todos. Ansiamos pela punição da raça.
O fim daquilo que se considera mundo, da civilização, da raça, nisso está guardado o maior drama de todos.
Sobre o assunto, há décadas os realizadores cinematográficos provocam com suas visões de futuro que desembocam, não raro, para bellum omnia omnes que Thomas Hobbes escreveu ser o estado de onde a humanidade saiu (e tem grande chances de voltar). Se distopias, se a destruição total da humanidade ou dos mundos que conhecemos o Cinema foca suas lentes para os Futuros Imperfeitos. Vamos aos Filmes.


Catástrofe Nuclear - Esse filme de 1984 realizado pela BBC tem a visão mais pessimista, crua, cruel e sóbria que meus olhos já viram. Não há espaço para qualquer alívio cômicos ou redenções. Quando as bombas caírem será destruição, aniquilação e ai dos que não morrerem logo, irão agonizar por meses. E o mais interessante do filme é mostrar que não há heroísmo em larga ou pequena escala. Protagonistas se diluem na multidão de famintos e flagelados. Mesmo os de alto escalão viram pó ou um corpo cheio de úlceras depois que as bombas caem. Quem quiser ver está no Youtube. Clica aqui

Mortos que Matam - Desconfio que George Romero gostou tanto e se inspirou tanto nesse filme que quatro anos depois estava ele com sua noite de mortos vivos. Achei a parte do recordatório um tanto monótona mas a "revelação" final é bem interessante. Para melhor aproveitamento olhos contemporâneos devem relevar as restrições orçamentárias e os conceitos de ação da época. Quem quiser ver está no Youtube. Clica aqui.


Os 12 Macacos - A Elipse. A Espiral. A Fita de Moebius. A viagem no tempo. A luta quixotesca para salvar a humanidade. Um vírus pesticida aniquilou o praga humana do globo, os animais voltaram a reinar a superfície do globo e cabe a James Colle a missão de voltar no tempo e impedir a extinção de sua espécie. Colle é um homem do futuro apaixonado pelo presente (o ano de 1997). O Presente será sua perdição e a história do mundo entra em espiral eterna. Esse filme está cabeça a cabeça com Brazil, O Filme como o trabalho mais instigante de Gilliam. Quem quiser ver o curta que deu a ideia para Gilliam La Jetée é só clicar aqui.


Zumbilândia - Tá no inferno, abraça! E por que não se divertir com o fim do mundo? Só pela sequência com o Bill Murray já vale a sessão. Sinceramente a amizade e admiração que Columbus e Tallahassee desenvolvem é muito mais interessante que o romance entre Columbus e Wichita. Woody Harrelson é muito simpático e engraçado em tela. Columbus e Tallahassee são sobreviventes ideais e contrários em personalidade e atitude perante o mundo, assim sendo, parceiros que se completam. Um sopro de otimismo e diversão num gênero tradicionalmente carrancudo. Divertido do começo ao fim. Imperdível.

Wall-E - Para começar, é meu filme preferido da Pixar. E que a Pixar é o estúdio hollywoodiano que mais gosta de cinema na atualidade é fato. E só por homenagear com muita graça leveza e, principalmente, beleza grandes heróis trapalhões do cinema mudo como Chaplin, Harold Lloyd e Buster Keaton já merece um lugar nos corações dos amantes da arte. A sequência de abertura é explêndida: o mundo desabitado e tomado por torres de lixo e o robozinho Wall-E segue sua programação de processamento do lixo. A solidão, o devaneio, a paixão por Eva, a vontade de salvar o que sobrou da humanidade e o otimismo invencível de Wall-E. Obrigatório e um dos melhores filmes já feitos (na minha opinião).

O Menino e o Cachorro - Mesmo que o mundo tenha virado um infinito deserto e não haja comida, bebida, mulheres e a grande maioria dos remanescentes sejam piratas psicopatas não é motivo para abandonar a boa e velha ironia. Claro que a grande atração é o cachorro Blood que ganha personalidade pela narração de Tim  McIntire. A sequência da comunidade simulada no subterrâneo é bem dispensável e chata, mas o final é de um delicioso humor negro que não tem como não sorrir.  


Tarantino é um dos Cavaleiros do Apocalipse


Vó, olha que legal. Segunda eu começo minha Pós...
Pós?? Que que é Pós?
Pós-graduação, é um curso que se faz depois de acabar a faculdade...Entendeu?
Ah, tá certo...Que bom...(e olha para o horizonte como se descobrisse um continente).

2 comentários:

  1. Zumbilândia é ótimo!! - !!Bill O Grande Murray!!
    Wall-E tbm é ótimo, gosto da sequência nos estras
    do BUNR-E é muito engraçada!!!

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  2. Os dois são obrigatórios! Espero que você curta os outros Silvio. Grande abraço!

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