30 de março de 2011

SUPERGRASS

Penso que foi a partir desse álbum que a banda passou a desenvolver seu lado mais introspectivo e até mesmo buscando sonoridades mais sombrias. Os caras nos mostram aqui até o cansaço físico e mental provocado pelos poucos e muito intensos anos de shows e viagens intermináveis chegando a desorientar nossos heróis. Um belo disco para fechar a década e preparar o caminho para o novo milênio. Se liga na capa do X-Ray álbum (o nome oficial do disco é homônimo ao da banda Supergrass).
Amores pelos quais valem a pena esperar, celebridades vazias e muito exibidinhas, viagens exasperantes, um punhado de canções divertidas e precisas para cantar junto e coros que não chegam a ser angelicais. Um dos melhores disco da banda e um dos meus preferidos pelo vigor e pelo prazer que dá aos ouvidos.

Vamos começar com a brilhante música Moving


Agora um single campeão, para ouvir sem parar por meses, Pumping On Your Stereo


Um poucos mais misteriosos em Mary

28 de março de 2011

Filmes e Gibis e vice-versa Parte III


A arte cinematográfica sempre foi exibidinha. Quando surgiu era hábito de pobres e maltrapilhos que assistiam isso que se chamava de filme em circos e freakshows. Foi tomando o mundo de assalto e virou a arte mais admirada e influente de nossos tempos. Mas desde sua primeira exibição, quando a platéia saiu correndo apavorada com o trem que corria em sua direção, essa arte sempre teve a pretensão de mostrar o mundo ou um mundo melhorado.  
Os Quadrinhos sempre foram periféricos. Tiveram um boom de consumo nos anos 30 e 40, mas sempre foram restritos e associados como arte falha e menor.
O Cinema precisava de certas vitaminas para se desenvolver. Tomou idéias e adaptou obras de outros fazeres artísticos (principalmente da literatura e algumas coisas do teatro) e foi ganhando corpo e desenvolvendo-se com idéias próprias do meio. 
Os quadrinhos também figuraram de forma tímida e pouco cuidada nas telonas nesses anos de começo do cinema. Nos 60 anos que seguiram de sua popularização surgiram gênios e revolucionários da nona arte bem como um sem número de obras primas.
Uma dessas artes é pura imagem e som. A outra retorna a origem das escritas em que o desenho e a letra não eram em absoluto dissociados para narrar. O fato de que um dia iriam se imbricar foi bem natural. E essa fusão é bem salutar a todos. Claro, ficam um ou outro corpo pelo caminho, fatalidades. E a lição que fica é que uma arte instigue a outra e que instigue seus admiradores para que migrem de tempos em tempos por essas e todas as outras formas de representação.
Vá ler um bom gibi e vá ao cinema. Vá!

Rocketeer - Tanto o gibi quanto o filme são puro descompromisso e ação deliciosamente descabeçada. Só me incomodou a falta completa de sensualidade na personagem Betty interpretada por Jennifer Connelly e da patriotada chata e escrota do terceiro ato. De resto é uma sessão da tarde deliciosa. Tudo é homenagem: aos heróis espaciais de matinês, pin-ups, heróis da era de ouro e pulps, Errol Flynn , a era dourada de Hollywood. O filme veio numa pequena onda de adaptações começadas por Tim Burton em seu Batman e por Warren Beatty em Dick Tracy que não tinham qualquer compromisso com o realismo atual das adaptação de quadrinhos para a tela grande. Um bom filme.  

Constantine - Sim, ele não é loiro, não é inglês e usa aquela arma crucifixo ridícula, mas que filme divertido. Visualmente bem bonito e filmado com dinamismo. A unica coisa que me incomodou foi restringir a atuação mística de Constantine a cosmogonia cristã e esquecendo outras vertentes da metafísica. Constantine é, no fim das contas, um detetive de noir bem filha da mãe e canastra, Keanu Reeves vai na veia nesse sentido e dá bem certo como o personagem. Gostei do uso de Los Angeles como cenário escolhido, é uma cidade bem plural em etnias e bem fantasmagórica. Ótimo filme. 

300 - Eu adoro as abundâncias de imagens e a secura de conteúdos no cinema de Zack Snyder. As imagens compensam. Sempre tem reclamões. Quem leu a versão de Frank Miller para um dos grandes embates da História xiou com inconformidades históricas (bem, nunca acusaram o senhor Miller de realismo, melhor para ele e para seus leitores). Cinema não é máquina do tempo e não tem obrigações para além do estilo. Assim o exercício de estilo e narrativa de Miller encantou e levou muita gente a buscar outras narrativas para os "fatos". Muita gente xiou mais ainda com a adaptação de Zack Snyder, mas a absoluta maioria se divertiu aos montes e gritou SPARTA ao final da sessão. Para mim, como fã da série em quadrinhos de longa data, achei uma das melhores adaptações de todas. A transcrição quase quadro a quadro dando movimentação por vezes frenética e muitas vezes morosa para que se aprecie o quadro em plenitude funciona e muito. Até a palheta de cores de Lynn Varley foi respeitada. Os dois trabalhos muito iconoclastas são perfeitos para expor esse conto de macheza e de códigos de conduta irrecuperáveis (Graças a Deus!) em nossa atualidade.

PS: Mas nada do que eu diga merece atenção em comparação com a analise crítica e semiótica do lendário Alborghetti. Ouçam com atenção.




O Sombra - Um filme realmente decepcionante. Um grande personagem desperdiçado numa trama rala com um antagonista sem a menor relevância e personagens coadjuvantes sem qualquer atrativo para quem assiste. Sim a caracterização do Sombra é ótima. É outro filme que veio na onda do Batman de Tim Burton, só que o grande referencial mal usado por Russel Mulcahy na composição desse filme é o Dick Tracy de Warren Beaty. Alias, a Nova Iorque do Sombra se parece demais com a Gotham City de Batman. É óbvio que Alec Baldwin "funciona" muito mais em comédias. O Sombram surgiu nas pulps e foi parar nas HQs antes de ir para os cinemas. Esse personagem e sua mitologia são fruto da ficção do começo do século XX que ainda via áreas de colônias e ex-colônias com encantamento e temor ao mesmo tempo via a vida nas grande e modernas cidades com violências inimagináveis gritando nos noticiários diários.

Marcas da Violência - Um do filmes mais interessantes da última década. Um David Cronenberg contido em bizarrices, mas largo e hábil em fotografar violência extrema. Não deixa de ser uma história de herói. Não o herói que esperamos mas um herói com camadas e um passado para carregar. Um fingidor; um arrependido ou um predador esperando para dar o bote? É numa daquelas cidadezinhas norte americanas só que o roteiro funcionaria em qualquer cenário: na São Paulo de hoje, em Tóquio do século XIX ou num deserto do velho oeste. Temos aqui uma das melhores cenas de sexo do cinema. Um filme sobre fantasias e como não é possível mantê-las indefinidamente (o mundo real cobra): fantasia de Cheerleader, de bom cidadão, bom pai, de um casamento perfeito, de cidade pacífica e de tranquilidade para dormir. Assista já.

Kick-Ass, Quebrando Tudo - Subversivo, ahm!? Violento Colorido Pop. Que audácia colocar uma menininha falando "You Cunt". Claro que a Hit Girl, principalmente, e o Big Daddy são as melhores coisas do filme. Mas da para falar da celebrização imediatista e como ela consome as pessoas em tempos de internet, bem como o culto a celebridades que são só imagem e coragem de figurar de maneira vexatória e muitas vezes suicida no youtube (vide o Kick Ass se tornando conhecido após ser filmado levando uma surra). Um herói precisa ser moído e penitenciado em seu caminho de ascensões e quedas. 


Tarantino cadê o seu Sombra? Aguardaremos sentados...

Ô, Vó!
Ela tá dormindo. Deixa ela quieta menino!
Foi mal Vô, num ví. Té mais...

23 de março de 2011

SUPERGRASS

Continuando na cola da banda que produziu algumas da mais belas pérolas do pop inglês sem perder a ternura jamais. Vamos agora conferir alguns clips que figuraram para o segundo álbum da banda In It For The Money.
A capa do disco é ótima, fala ai!? Os caras ganharam o mundo. De banda pequena de moleques do interior, o Gaz Coombes trabalhava como operário de fábrica antes de estar na banda, para festivais no mundo todo (acabaram até aportando nas Terras Brasilís para um Hollywood Rock). E falar de seu crescimento como músicos e compositores é uma obviedade. Esse disco foi tirando o apelo do prazer imediatista do disco anterior e foi primando pela descoberta de sons a cada audição, algo que foi virando característica da banda em seus trabalhos seguintes. Ao ouvir Supergrass você vai encontar Beatles, The Who, Elton John, T Rex e por ai vai, mas no fim vai se deparar com um som muito original e delicioso.

Vamos começar com uma canção perfeita Suns hits the sky


Agora uma pitada de groove sessentista com Cheapskate


E Para fechar o clip lindão de Going Out

19 de março de 2011

O Terror e os Anos 70



Ah, os anos 70!

Talvez tenham sido os Hell's Angels. O sonho acabou e a ressaca de LSD e Vodca veio a galope. Tudo virou excesso: na música, moda e comportamentos. Na política anos de chumbo pelo mundo e uma guerras geladas. No cinema a garganta era profunda e o sangue passou a correr efetivamente nas telas (mesmo que fosse sangue cenográfico).
Os monstros da Hammer não metem mais medo em ninguém. É hora de assustar platéias e os realizadores dessa década irão descer todos os degraus possíveis e estabelecer um patamar de assombro que nunca iria ser equiparado no cinema. filhos da crueza de George Romero e de maníacos como Charles Manson, Robert Christian Hansen e Zodíaco. Além do som do Black Sabbath e Goblin.
Diferente da geração expressionista do cinema (em especial a alemã) a temática da geração dos anos 70 buscou o horrível em eventos mais mundanos e cotidianos (mesmo que escondidos em pequenas notas de jornal) do que temas do pós-vida. Esses realizadores enxergaram demônios vivendo entre nós. Suas câmeras miraram terrores de regiões que pouco haviam sido focadas antes (e vamos ser sinceros, os subúrbios bizarros dos EUA metem muito mais medo que castelos medievais em algum país europeu).
Essa década permitiu, através dos resultados da contracultura, a quebra de todas as barreiras nas várias faces do fazer cinematográfico. O zeitgeist da produção de terror do período abraçou e casou com concepções niilistas na confecção dos roteiros (do jeito que eu gosto, até porque não há gênero que casa melhor com o niilismo do que o terror). Em cenários realmente sujos e com cara de cenas de crime reais. O cinema apavorou os Eua com a idéia de que Ed Gein é muito mais assustador e sanguinário que qualquer vietcong.
Ah, os anos 70! Quando estávamos bem longe do politicamente correto e da patrulha de chatos e moralistas. A morte nos filmes de terror nunca foi tão democrática, recaia em quem tivesse que recair: animais, crianças, adolescentes, portadores de necessidades especiais, pessoas com qualquer gradação de melanina na pele e qualquer gênero e transgênero. E por ser tão democrática cumpriu tão bem sua função e horrorizou a todo que se atreveu a assistir essas películas.

O Ritual dos Sádicos (O Despertar da Besta) - Aplausos de pé para o senhor José Mojica Marins. Que filme! Cheio de ousadias e coragens. Que linguagem visual arrebatadora e arrepiante. O filme mais realista do Zé do Caixão o enredo é bem terreno, mas evoca imagens tão primitivas, subconscientes, cruéis, bizarras. Derruba qualquer preconceito contra a obra desse grande artista. Só por aparecer o Adoniran Barbosa já merecia ser visto. É pela metalinguagem, é por dar uma rasteira em cinéfilos metidos a besta (despertem), é pela coragem de enfrentar Tradição Família e Pátria.

O Massacre da Serra Elétrica - É o mal estar dos tempos. As descrições dos crimes e desgraças cotidianas que escorrem pelo rádio são muito mais chocantes que qualquer filme de terror. Tobe Hooper serra a opinião pública dos EUA ao mostrar que o terror está incrustado nos grotões da América (me lembrou o Inverno da Alma, vai ver é a serra elétrica e os red necks bizarros) e não do outro lado do mundo em guerras perdidas. Um filme cruel, sádico e crú. Isso, crú. Um filme ícone. Influenciou e influencia até agora. Dá muita vontade de virar vegetariano depois da sessão.

Suspiria - Esse está na minha lista pessoal como um dos meus três filmes preferidos de terror. Acho que não houve filme que me colocou de forma tão crível dentro de um pesadelo. Aquela sensação de estar vivendo algo horripilante e a única forma de escapar é quando despertar. Esse filme tem cenas macabras e antológicas. Dario Argento é o pai do gore e da crueldade extrema com personagens no cinema, culpem ele! Gosto demais da presença de Jessica Harper na tela. Uma obra barroca do terror. Cores vibrantes e cenários saídos de uma alucinação. Suspiria é um conto de fadas muito macabro.

Inverno de Sangue em Veneza - Já estamos tão cauterizados por imagens de podridão que muitos dirão que não se trata de um filme de horror. Bem, se ao final do filme você não estiver aterrorizado é melhor buscar alguma analista. A morte de um filho amado destrói a alma dos pais John e Laura Baxter que resolvem se perder em uma cidade estranha e secular. A todo momento parece que algo muito ruim vai acontecer. Nada acontece. Estranhezas cruzam o caminho do casal. Eles se amam. Nada acontece. Mais estranhezas. Se perdem pela cidade. Nada acontece e de repente...que finalzaço! Que velhinha bizarra. A morte a espreita por todo o filme só esperando a hora de agarrar o espectador pelo pescoço. Que final!

O Homem de Palha - Cult. Só isso. Tem algo de errado na ilha. Desde a primeira cena nós já pressentimos. Mas a curiosidade de Howie o levará a ruina. É tudo muito estranho e Howie precisa chegar a uma resposta, mesmo que não possa contá-la a ninguém.

O Exorcista - Esse filme não perde a força. William Friedkin fez três obras essenciais (Operação França, Parceiros da Noite e O Exorcista) que o habilitam para trazer às telas a presença pungente do Mal. Esse filme é tão bom que o padre Karras não tem igual no cinema atual: fuma e bebe e frequenta lugares meio pagãos. Um ótimo personagem e perfeito para fazer frente ao tinhoso. O maligno não está só na casa ou no corpo de Regan, está na película do filme (aqueles frames com a cara de um demônio são arrepiantes...aliás Friedkin adora inserir frames subliminares em seus filmes, repare). Acho que as cenas que mais me afligem são as dos exames que Regan é submetida e a famosa cena do crucifixo...Credo.

Halloween, A noite do Terror - Muitos querem dizer que não, mas que a cena de abertura é absurdamente legal, isso é. E vai dizer que a trilha sonora não dá aquele arrepio na nuca? Não vamos falar de continuações, acho que esse filme desperta tanta admiração por ter elementos tão bem encaixados num roteiro enxuto. Nunca se vê o rosto do algoz com clareza e ele está sempre a espreita. Sem saber (ou sabendo) Carpenter criou uma fórmula brilhante de terror e que foi copiado a exaustão na década seguinte. E é um filme claro e de imagens límpidas. Você enxerga tudo, o que deixa tudo mais apavorante. Ele está lá. Lá! Eu vi! Naquele canto. Tem alguém nos observando. Os subúrbios norte americanos sofreram tanto nas mãos de maníacos...


Tarantino já fez seu terror setentista com A Prova de Morte. Mas queremos mais.

Nossa, que horroooooor!!! Que cara Diabólica. Quem é esse homem aqui?
É o Kadafi Vó.
E que que ele é?
É um ditador assassino Vó.
Credo. Deus há de pedir contas dele, viu!?
Amém, Vó.

16 de março de 2011

SUPERGRASS

Bem, por algumas semanas irei me debruçar na discografia e clipografia de uma de minhas bandas preferidas de todos os tempos Supergrass. Considero essa banda como herdeira e perpetuadora da melhor tradição da musica pop inglesa: uma sonoridade cativante e viciante com letras muito espertas. Para mim eles foram a face mais alegre, verdadeiramente jovem e desencanada (predicado mais importante para se fazer um bom rock) do Brit Pop. Gaz Commbes é um vocalista herói para mim e refinou horrores nas composições e interpretações das músicas da banda, mas isso é assunto para as próximas semanas.
O seu debut em álbum foi I Should Coco, o mais bem sucedido da banda em termos de vendas. Vamos começar por algumas faixas e clips desse álbum.
Não vamos ouvir Alright, essa tocou muito, todo mundo ouviu 200 vezes depois que foi propaganda da Windows. Claro que é uma faixa poderosíssima, muitos classificam como o hino da geração 90. Vamos nos debruçar em outras faixas igualmente incríveis. 
A diversão é garantida, aperte o play que com certeza será feliz.

Começamos com a incrível Caught By The Fuzz 


Agora a divertidissíma Mansize Rooster


E para fechar mais sério com Lenny

12 de março de 2011

Jazz in the Movies



Filmes que tratem do Jazz, simples. Por enquanto não me interessam filmes que tenham as trilhas sonoras inundadas por improvisos e blue notes como Ascensor para o Cadafalso. Uma seleção de películas que girem em torno do ritmo musical mais louco do século XX. 
Não vamos entrar na taxonomia do Jazz (se saiu do Ragtime foi para as Big Bands caiu no Bebop e foi parar no Free Jazz), até porque existe uma bibliografia extensa e essencial (começe pela História Social do Jazz de Eric J. Hobsbawm), mas podemos afirmar que foi o ritmo fremente da primeira metade do século XX (a segunda metade foi mais sonolenta e sem rosto).
O Jazz e todo o mundo que ele abarca foi bem pouco explorado pela sétima arte. Convencionou-se a pensar o Jazz como um som refinado e de casas de espetáculos caras. Na real, 99,9% do ritmos musicais que tiveram grande apelo popular no último século sairam dos substratos mais pobres, violentos e formalmente deseducados da sociedade. Estamos falando de homens e mulheres talentosíssimos (ou nem tanto) que só tinham uma porta de escape para suas vidas miseráveis: tirar algumas harmonias loucas e lindas de algum instrumento musical que lhes caíssem nas mãos. Obviamente, o movimento de um ritmo musical sempre caminha dos guetos lutando pela aceitação e finalmente a incorporação, disseminação e pasteurização do estilo. Saí do gueto e acaba por deitar nas salas de estar de bairros nobres da cidade. O Jazz e todas suas variantes couberam como luvas para musicar as mudanças constantes e intermináveis da humanidade no último século.
Particularmente, o Blues está no meu coração, mas o Jazz está em meu cérebro e pulsa. 
Aperte o play e deixe a alma pulsar. 


PS: Não é à toa Louis Armstrong participa de várias produções dessa seleção. Além de ter o sorriso mais largo e contagiante do mundo ele foi o maior artista negro da música. Não sou eu que digo, bem, não sou só eu...


Noite Insana - Othello e Cool Jazz, bela composição. Na Inglaterra o Jazz já chegou hypado (afinal lá é a terra do Hype) e virou o ritmo de pessoas descoladas e arty. Participação tímida de Charles Mingus e Dave Brubeck. Bebop e Cool Jazz para fazer trilha a uma história de ciúmes, intrigas e destemperos.

New York, New York - Um Screwball chatinho chatinho. Talvez o filme mais chato e aborrecido de Scorcese. Mas a Liza Minnelli é sempre uma graça. Interessante observar a decadência das Big Bands e a ascensão do Bebop com seus quintetos e quartetos dos guetos negros de NY para os gostos populares. Cenografia kitsch e cansativa. De Niro se repetindo. Algumas cenas se salvam: o super-close nos olhos de Minnelli e a execução da música tema.

Paris Vive à Noite - Sidney Poitier e Paul Newman, que dupla! Gigantes. Atuações largas e galantes. Paris está de chorar de tão linda nesse filme (atenção para cena panorâmica de nascer do sol sobre a cidade). Paris ensinando o resto do mundo a amar em público. Um filme de elegância e harmonias. Sem esconder conflitos raciais correntes da época e o comum uso de drogas por habitantes da noite. Um filme classudo da primeira a ultima tomada. Imperdível para fãs e não fãs do Jazz.

Melodia Imortal - Olha as perfomances de Tyrone Power ao piano encantam. E as cenas no Central Park tem uma beleza transbordante com ângulos e contra luzes lindos. Claro, um romance casto e comum para média da produção da década de 50. Kim Novack está sempre linda. O pianista Eddy Duchin foi um cara de sorte conquistou seu espaço na música, conquistou grana e conquistou sua amada Marjorie. Mas a vida toma alguns presentes de volta. E nenhum artista é completo sem a melancolia da tragédia. Eddy Duchin, o pianista mais amado da alta sociedade novaiorquina não vai fugir a regra. Um filme de muito bom gosto...e arrastado.

New Orleans - Coisa fina. O maior caldeirão cultural dos EUA que acabou por gerar as bases para todos os grandes ritmos musicais do século XX. O filme é bem feliz em mostrar como a cidade fervilhava em criação musical no começo do século passado: Blues, Jazz, Ragtime, Dixieland, Bourbon; e não deixa de mostrar o conservadorismo boçal da classe branca dona do sul do país tentando impedir a explosão do que viria a ser um legado cultural imortal. Uma produção de época muito esmerada. Uma aula sobre o nascimento do Jazz. E tem o trompete quente de Louis Armstrong e a voz florida e doída Billie Holiday (apesar de papéis secundários a presença desses músicos é magnética).

Música e Lágrimas - As tintas de santidade que pintam Gleen Miller e sua esposa nesse filme não me importam (qualquer leitura de uma boa biografia resolve). Importam as imortais e viciantes músicas que esse homem e sua banda compuseram e que ecoam até hoje como se tivessem nascido no alvorecer da música. Ver o James Stewart na tela é sempre bom, suas interpretações sempre centradas e tranquilizantes nunca cansam. Realmente o terceiro ato é atropelado e muito desinteressante, mas para os fãs do músico é imperdível.   

Bird - De que adianta ao homem ganhar o mundo e nunca conseguir sair do seu próprio labirinto? Charlie Parker construiu o estilo musical que definiu sua geração. Amy Winehouse? Keith Richards? São fichinha em comparação com Charlie Parker. O cara usou de tudo e muito, nem veneno matou ele. Enfim, são insondáveis as almas de anjos caídos. Eles são complicados e vão do céu ao inferno rapidamente e no caminho de um para outro deixam um rastro de belezas. Clint Eastwood fez um filme muito respeitoso ao legado musical e ao desastre na vida pessoal desse gênio da música. Bem ao seu estilo humanista, clássico, um pouquinho contemplativo Eastwood nos faz presenciar a montanha russa de glórias e destemperos de Parker. Atente para a sequência hilariante e um tanto melancólica da turnê pelos estados do sul dos EUA.  


Poxa, mas que o Tarantino podia filmar a vida de Miles Davis ou do John Coltrane podia...


-E você Vó, gosta de Jazz?
-Ma que que é Jazz? Faz ela espalmando as mãos para o céu.
-É aquele som de trompete, de saxofone...
-É!? Ai é bonito, né!? Relaxa a gente...
-Isso é verdade Vó... 

5 de março de 2011

SUEDE

Suede, uma banda que ficou meio de canto quando o Brit Pop explodiu e se espalhou. Um de seus maiores recursos, tanto musicais quanto visuais, a androginia, ainda fazia sentido como afronta. Hoje depois de seu "mau uso" não passa de piada e um arremedo que chamam de fofura na TV para bandas sem colhões.
O Suede tinha colhões, mesmo com cabelinho na testa, um leve lápis no olho e uma roupa extremamente na moda. Junto ao Pulp foram as bandas mais classudas e bem vestidas da década de 90. Mas além da forma fiquemos com o conteúdo: um rock setentista encorpado, guitarras muito sensuais e plenamente condizente com sua contemporaneidade. 


Para começar na moda She's in Fashion


Agora a bela Everything Will Flow 


E para fechar na energia Electricity